É hora de recomprar siderúrgicas e mineradoras?

As empresas dos setores são cíclicas e um avanço nas ações é esperado.

As novas perspectivas de redução das chuvas em Minas Gerais levaram as mineradoras a retomarem, gradativamente, as suas operações, reduzindo as pressões “altistas” nos preços das commodities. Além disso, a notícia traz um alívio para as siderúrgicas chinesas.

Nesta manhã, a Vale (VALE3) anunciou o retorno parcial de suas atividades na região, após a Usiminas (USIM5) divulgar que também retornou, gradativamente, com as operações, que foram temporariamente paralisadas por conta do excesso de chuvas, que trouxe um risco.

Mesmo com o anúncio do retorno, as mineradoras apresentavam quedas por volta das 13h39. A Gerdau (GGBR4) caiu 1,06%, a R$ 27,98; Vale recuava 0,65%, cotada a R$ 84,13; Usiminas sofria perdas de 2,25%, a R$ 16,08; e CSN Mineração (CMIN3) registrava queda de 1,81%, a R$7,05.

A redução das chuvas no Brasil abre espaço para a recuperação dos futuros do minério de ferro. Segundo informações da Secretaria de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia (MME), as paralisações que começaram em 8 de janeiro afetaram aproximadamente 1,8 milhão de toneladas das exportações do estado, como foi anteriormente mencionado pelo InfoMoney.

Além de prejudicar a produção, as tempestades afetaram as ferrovias que servem para transportar os grãos de minério.

As empresas do setor de mineração detêm uma volatilidade maior, contudo são consideradas cíclicas, ou seja, as vendas e lucros aumentam e diminuem de maneira previsível. Nesse sentido, com os atuais resultados, é esperado que o setor se recupere com a estiagem.

“Se nós olhássemos o setor de siderurgia em 2019 veríamos empresas alavancadas, com o operacional sofrendo e tudo isso mudou em 2020 com a injeção de capital ao redor do mundo. A economia começou a acelerar principalmente no que diz respeito à commodities e essas empresas começaram a desalavancar e depois pagar bons yields”, explicou Pedro Queiroz, head de renda variável da BP Money.

No momento, o cenário é de desaceleração da economia em alguns países, porém, quando o tema são commodities ou setores que as envolvem, a China tende a ocupar o espaço. O banco central do país reduziu a taxa de juros de 2,95% para 2,85%, o que de certa forma sinaliza uma aceleração. Quando o movimento foi anunciado, o minério de ferro apresentou uma alta significativa.

“Nós vimos o minério ultrapassar a barreira dos US $100 e, após a crise das construtoras, especialmente a Evergrande, a commodity começou a cair, também decorrente de uma desaceleração. Hoje o minério está em torno dos US$ 130, às vezes ele oscila. Com as chuvas em Minas Gerais, algumas empresas, principalmente a Vale, começaram a diminuir a produção por conta do risco, mas com a retomada das operações, os preços tendem a arrefecer porque a oferta será maior”, conclui Queiroz.

Nesse sentido, a diminuição dos juros reflete uma mudança no foco do governo chinês, que passa a buscar uma rápida recuperação econômica.

Chuvas deixam 46 barragens em níveis emergenciais
O grande volume de chuvas, que levou a paralisação temporária da produção do minério, deixou 46, das 906 barragens cadastradas na Agência Nacional de Mineração (ANM) em situação de emergência. Grande parte delas está localizada em Minas Gerais.

Das 46, três se encontram em situação de emergência nível 3 – quando o rompimento está em curso ou em e iminente – são controladas da Vale, são elas: Forquilha III, B3/B4 e Sul Superior, todas situadas em Minas Gerais.

Até o momento, as chuvas não provocaram nenhum incidente.