Um próspero ano novo. É isso que se espera para o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa brasileira, que em dezembro de 2021 registrava uma entrada liquida de R$ 14,5 bilhões.
O último ano foi marcado por grandes impactos econômicos, não só no Brasil, mas também em todo o planeta. Fatores como a soma da alta nos preços das commodities, o rápido progresso da vacinação contra a Covid-19— que possibilitou a volta das atividades econômicas globais — e a taxa de juros nas mínimas históricas fizeram com que o Ibovespa a registrasse suas máximas históricas acima de 130 mil pontos em junho.
Foto: Gráfico de analise feita ao longo dos ultimos 12 anos / Fonte: B3; XP Investimentos
Com todas essas mudanças o aporte estrangeiro ia de vento em polpa. O acumulado em 2021 foi de R$102,3 bilhões, ante R$ 7,4 bilhões em 2020. Esse é um recorde desde 2009.
Mas, como nem tudo são flores, no segundo semestre do ano as perspectivas se derreteram significativamente. Isso porque as reformas não avançaram, assim como a trajetória fiscal que desandou por conta da flexibilização do teto de gastos, a inflação e os juros crescentes.
Com tudo isso, é impossível não pensar no cenário externo que passava por problemas nas cadeias de abastecimentos, sem contar as políticas fiscais e monetárias expansionistas. A matemática é clara e, ao somar tudo isso, o resultado foi a pressão inflacionaria global, obrigando os mercados a precificarem taxas de juros mais altas.
No fim das contas, o Ibovespa terminou o ano de 2021 com um desempenho negativo de -11,9%. Enquanto isso, o dólar subiu +7,3% em relação ao real. O índice S&P 500 ia bem, subindo 26,9% em dólares, assim como o índice de ações globais, medido pelo MSCI ACWI, registrando uma alta de 16,8% em dólares.
Resgates de fundos ações e migração para renda fixa
Quem também fechou o ano com desempenho negativo foi a alocação dos fundos de investimentos em ações, que em novembro registrava –R$ 20,5 bilhões em comparação com o mês anterior, chegando a R$ 687 bilhões alocados em ações.
Porém, o maior êxodo mensal dessa classe de ativos em 2021 aconteceu em outubro, com um recorde de fluxo negativo de R$ -57,1 bilhões. Outro fator a ser considerado é que a alocação em ações caiu -0,5p.p. M/M no patrimônio líquido das gestoras, representando apenas 12,6% do total.
No ano, os fundos de ações acumularam resgates de R$72 bilhões, maior numero já visto desde o ano de 2008.
Em contrapartida, os fundos de renda fixa captavam cada dia mais. A indústria possui R$ 4,8 trilhões alocados em renda fixa, equivalentes a 87,2% do seu patrimônio total. No mês de novembro, foi captado um fluxo de R$ 79,5 bilhões (+1,7% M/M) nessa classe de ativos no portfólio dos fundos.
A Bolsa e o pódio acionário
Se formos montar um pódio de investidores da B3, em primeiro lugar estaria o investidor estrangeiro, que representa a sua medalha de ouro de 50,2% de todos as participantes do mercado acionário. Em segundo nesta corrida estariam as instituições com 25,7% e, é claro, as pessoas físicas ocupando o terceiro lugar, sendo uma fatia de 18,6%. Juntos, eles representam 94,6% dos participantes.
Recentemente, mais precisamente na véspera do Natal, os investidores estrangeiros aportaram R$ 587,8 milhões em recursos no segmento secundário da B3 em ações já listadas.
A movimentação aconteceu quando o Ibovespa fechou em queda de 0,33%. Com isso, o fluxo de capital externo no mês fica positivo em R$ 10,69 bilhões, com o montante anual acumulando R$ 66,90 bilhões.
Outra grande movimentação aconteceu no dia 23 de dezembro, quando o investidor pessoa física aportou R$ 51,8 milhões líquidos na B3, o que reduziu o déficit mensal para R$ 1,60 bilhão. O saldo anual de ingressos dos investidores pessoa física ainda é negativo em R$ 5,44 bilhões.