Ômicron é bem menos letal que Covid-19, diz cientista

Ministro da Saúde pede cautela após dados sugerirem que a nova variante está causando doença mais branda

Nos últimos dias a África do Sul registrou menos casos graves na onda Omicron, nova variante do Covid-19. A onda de infecções varre o centro econômico do país, se compararmos com os dados mais recentes com o início da pandemia. Apesar disso, o ministro da saúde disse que ainda faltam alguns dias para que se possa avaliar a gravidade da variante. 

Aproximadamente um terço dos pacientes covid internados no hospital Tshwane, o centro do surto de Omicron do país, necessitaram de cuidados especializados ou passaram algum tempo em uma unidade de terapia intensiva nos últimos 25 dias. Durante as outras duas ondas da doença neste ano, o número de pacientes que precisaram desses cuidados era de dois terços, segundo o que disse o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África disse nesta sexta-feira (10). 

Com relação as perdas, quatro por cento dos pacientes morreram, ante um quinto nas outras ondas de infecção, de acordo com os dados. A África do Sul possui um grande número de infecções das ondas anteriores e apenas um pouco mais de um terço de todos os adultos receberam as duas doses da vacina. 

De acordo com cientistas sul-africanos, esses foram os fatores que limitaram o impacto do Omicron até agora. Embora os estudos iniciais sugiram que a nova variante reduz a proteção dos anticorpos da vacinação ou infecção anterior, os especialistas estão otimistas de que as defesas imunológicas contra doenças graves serão mantidas. 

Ainda assim, eles alertaram que ainda vai levar um tempo até impacto total do Omicron nas hospitalizações seja avaliado, uma vez que a variante se espalhou muito mais rápido do que as outras duas ondas impulsionadas por variantes. A média de sete dias de novos casos diários na África do Sul disparou cerca de quarenta vezes desde meados de novembro, para cerca de 13.000 por dia. 

 “Deve-se notar que os dados de gravidade têm várias limitações na fase inicial de uma onda, onde os números são pequenos”, disse o ministro da saúde, Joe Phaahla. 

Segundo ele, “ainda é cedo, mas há sinais promissores de que em grande parte os pacientes, mesmo aqueles que estão no hospital, são leves e muitos deles são incidentais”. 

O Dr. Harsha Somaroo, presidente da Associação de Saúde Pública da África do Sul, disse que os dados emergentes dos hospitais do país são “tranquilizadores”.  “As primeiras descobertas sugerem que [Omicron] pode ser mais suave”, disse Somaroo.  

“Em Gauteng, há um nível mais alto de imunidade existente porque tivemos uma terceira onda muito intensa. Isso, juntamente com a imunidade da vacinação, pode ser responsável por parte desse quadro positivo’’, completou. 

Mas Somaroo enfatizou que “não podemos ser complacentes”, apesar dos relatórios das enfermarias dos hospitais indicando que o tempo de internação é mais curto, as internações na UTI são menos comuns e menos pacientes recebem oxigênio suplementar. 

 Para os não vacinados sem infecção anterior, “o serviço de saúde precisa se preparar para outro dilúvio de pacientes doentes, alguns dos quais serão Sars-Cov-2 incidentais, alguns dos quais terão doença moderada e alguns dos quais terão doença grave”, ele disse.