A oferta pública inicial de ações do Nubank (IPO, na sigla em inglês), prevista para a segunda semana de dezembro nas Bolsas do Brasil e dos Estados Unidos, servirá para potencializar o crescimento do negócio, que tem como uma das prioridades expandir a oferta de produtos no México e na Colômbia.
“Fazer um IPO é uma consequência do crescimento que a gente vem tendo há quase oito anos e um jeito de acelerar nosso impacto”, afirmou David Vélez, co-fundador do Nubank, em vídeo divulgado nesta quarta-feira (24) para comentar sobre a operação de abertura de capital.
Segundo o executivo, o ecossistema do grupo financeiro está cada vez mais completo para atender os clientes nas cinco grandes fases de uma jornada financeira: pagamentos, guardar dinheiro, investimentos, empréstimos e seguros.
Vélez comentou ainda que, no Brasil, onde as operações já estão um pouco mais maduras, a fintech conseguiu reportar seu primeiro lucro líquido, de R$ 76 milhões, no primeiro semestre de 2021. No entanto, o empresário reconheceu que o grupo como um todo ainda “não chegou lá”, numa referência ao lucro potencial que o negócio tem. No acumulado de janeiro a setembro de 2021, o grupo reportou prejuízo de US$ 99,1 milhões (R$ 560 milhões).
“Agora, estamos priorizando investir em crescimento de novos produtos, principalmente nos outros países onde estamos ainda começando [em busca de lucratividade]”, afirmou o executivo. Além do Brasil, o banco digital tem operações no México e na Colômbia.
Ele destacou também no vídeo alguns dos principais pontos de atenção no radar para os próximos anos. “Todos os negócios estão sujeitos a riscos e obstáculos. No geral, a gente precisa continuar apoiando a nossa marca em todos os aspectos, precisamos manter a privacidade dos dados dos nossos clientes sempre, respeitar as organizações governamentais regulatórias, e ficarmos atentos às taxas de câmbio e juros nos países onde operamos.”
Co-fundadora do Nubank, Cristina Junqueira destacou a base de 48 milhões de clientes alcançada pelo banco digital nos três países em que atua, bem como seus reflexos indiretos. “Não é só o número, é o impacto que a gente tem na vida das pessoas, porque são 48 milhões, mas muitas dessas pessoas que a gente vem incluindo no sistema financeiro”, afirmou a executiva.
Ela acrescentou também que a distribuição de BDRs do Nubank no âmbito do programa NuSócios busca funcionar como uma porta de entrada para a Bolsa de Valores de clientes que ainda não tiveram a oportunidade de investir no mercado financeiro.
“Investir no IPO é investir na Bolsa, então, sempre tem riscos envolvidos, é importante ter o máximo de informação para cada um poder tomar a melhor decisão para o seu próprio dinheiro”, disse Junqueira.
Um dos desafios da instituição, é ampliar a diversidade, que é baixa no sistema financeiro como um todo.
Em outubro do ano passado, Cristina se envolveu em uma polêmica ao dizer que a contratação de profissionais negros é difícil e que a empresa não pode “nivelar por baixo”. A empresária depois pediu desculpas pela declaração. No início deste ano, o banco apresentou metas para a contratação de negros.
A fintech tem atraído grandes investidores. Em junho, o megainvestidor americano Warren Buffett aportou US$ 500 milhões (R$ 2,82 bilhões) no negócio digital- o Nubank tem ampliado o leque de serviços aos clientes.
Recentemente, o banco anunciou que se prepara para incluir em seu aplicativo ainda neste ano a opção de compra e venda de ações.
A incursão do Nubank no mercado de investimentos começou em setembro de 2020, quando a companhia adquiriu a corretora Easynvest. Em agosto, a marca da corretora foi trocada para Nu Invest, em meio a um cenário de aumento da concorrência com as instituições financeiras tradicionais.
No fim de agosto o banco anunciou seu primeiro investimento no mercado de comércio eletrônico, com a aquisição da Spin Pay, fintech de pagamentos instantâneos que oferece suporte para compras via Pix no e-commerce.
Em junho, o Nubank trouxe a cantora Anitta para fazer parte do conselho de administração do banco.