Nesta coluna, tenho alertado para o cenário de pessimismo que vem sendo esclarecido dentro das expectativas de mercado semanalmente. O Boletim Focus desta semana é mais um exemplo do descrédito dos agentes em relação ao futuro da atividade econômica no Brasil, sendo o maior exemplo a temida inflação de dois dígitos, esperada para o fim deste ano.
As expectativas do IPCA refletem a desancoragem atual e as projeções atingiram o patamar de dois dígitos em 10,12%, para o fim de 2021. A mesma variação ocorreu dentro da modelagem para 2022. O índice esperado subiu para 4,96%, afastando-se ainda mais da meta de 3,5% ao ano. O atual cenário político de incertezas em relação aos gastos públicos dificulta a ação da política monetária no combate da aceleração de preços no nosso mercado interno.
A variação do crescimento mantém a linha dos fundamentos de Taylor e tem sido precificada aos poucos para baixo. A taxa caiu para 4,80% ao ano para 2021. Vale ressaltar que a taxa reflete o “rebote” da queda em 2020, logo 4% ao ano me parece muito pouco, levando em consideração nossos pares sul americanos como, por exemplo, o Chile, que espera uma variação do PIB de 17% para o ano atual. Para 2022, o crescimento esperado tem elucidado o cenário de possível estagnação ou recessão. O PIB deve variar 0,7%, de acordo com o relatório.
SELIC e Câmbio mantiveram-se estáveis em relação ao último Focus, com 9,25% a.a para a taxa básica e 5,50 USD/BRL para o câmbio nominal. Vale ressaltar que essas projeções podem não conversar com os fundamentos macroeconômicos por não desviarem suas trajetórias com as expectativas de inflação precificadas para cima. A taxa básica, em tese, deveria seguir para cima com a alta de preços, mas esperemos para o prosseguimento das próximas reuniões do COPOM devem ajustar as questões em relação ao juros.