O desarranjo inflacionário que é visto no Brasil não é exclusivo para a economia nacional. Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor avançou 6,2% de novembro de 2020 a outubro de 2021. Este foi o nível mais elevado dos últimos 31 anos. Na zona do euro, por sua vez, a alta foi de 3,4%, a maior desde setembro de 2008.
No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cresceu 1,25% em outubro. O indicador mede a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. A alta foi a maior para o mês desde 2002. No ano, o país acumula elevação de 8,24%.
Os aspectos que influenciam as altas nos países são semelhantes, como o aumento nos preços de combustíveis, escassez de semicondutores e itens para a indústria, que acabam gerando um aumento na inflação. Acompanhado a isso, o poder de compra da população diminui. Vale lembrar que, no Brasil, há a valorização do dólar ante o real que também contribui para o encarecimento no país.
O mundo está passando por uma crise energética que tem sido impulsionada por diferentes fatores em regiões distintas. No Brasil, a crise hídrica tem elevado os preços da energia, pois é a fonte mais utilizada no país. O mesmo problema é enfrentado na zona do euro, os 19 Estados-membros componentes, estão sentindo um aumento nos preços da energia, diante da reversão na queda dos preços do petróleo.
Os Estados Unidos também sentem os efeitos da crise energética. Além disso, o país aprovou um pacote de infraestrutura de US$ 1,7 trilhão. O movimento causou desconforto para um grupo no Senado norte-americano, que alegou que o movimento distancia a ideia de um alívio econômico, pois o pacote implica em novos gastos por parte do governo e esses gastos devem ter uma fonte de recursos.
“A última coisa que precisamos fazer é acumular outro imposto maciço e imprudente e uma onda de gastos”, disse o republicano Mitch McConnell, como antecipou a CNN.
Num movimento contrário a este, na zona do euro, o Banco Central Europeu optou por manter a inflação em 2% no médio prazo e destacou que a elevação dos preços é temporária. A instituição disse esperar uma desaceleração do aumento em 2022, mas admitiu que o processo pode levar mais tempo que o desejado.
Inflação no Brasil é culpa do governo?
Os questionamentos sobre “de quem é a culpa” são pertinentes, mas existe um contexto. Com os constantes aumentos nos preços de bens e serviços, já foram apontadas pastas, governantes, o presidente, secretários, etc.
Os países estão passando por um processo de recuperação, após a onda da covid-19 que trouxe perdas sociais e econômicas. As organizações interromperam suas atividades e eventualmente demitiram pessoas. Mesmo com os esforços do governo para estabelecer acordo para que o número de desempregados não fosse tão grande, diversos pequenos e médios negócios quebraram, consequentemente indivíduos ficaram desempregados.
Além disso, houve um aumento nos preços dos produtos em geral, em parte devido a elevação do dólar ante o real e por uma menor oferta, que é decorrente de uma diminuição da produção de materiais como semicondutores em indústrias na China. Essa redução é consequência das atividades que foram interrompidas devido ao isolamento social imposto por autoridades, com intuito de conter a propagação do vírus da Covid-19.
Contudo, com a aceleração da vacinação, esse cenário deve melhorar.
Mesmo com as movimentações políticas, que por vezes geram certos desconfortos em investidores, o Brasil não é o único país a sentir uma piora na inflação. O que se destaca é o fato do real estar desvalorizado ante moedas de alguns países de compram e vendem produtos brasileiros. Sendo assim, é visto uma via de mão dupla, pois da mesma forma que entra um maior volume de dinheiro, os produtos comprados pelo país também são mais caros.