LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Brasília, Porto Alegre e Rio de Janeiro disputam a sede da versão brasileira do Web Summit, uma das maiores conferências de tecnologia do mundo, que terá um evento no país a partir de 2023.
Na semana que vem, a comissão organizadora desembarca no Brasil para começar as visitas técnicas.
De olho na força econômica do evento, que atrai participantes e empresas de tecnologia de todo o mundo, políticos das três cidades candidatas marcaram presença na versão original do Web Summit, em Lisboa.
Em formato reduzido por causa da Covid-19, a conferência reuniu mais de 42 mil pessoas na capital portuguesa entre 1º e 4 de novembro. Foi o maior encontro de tecnologia presencial desde o começo da pandemia.
Líder da comitiva carioca em Lisboa, o prefeito Eduardo Paes (PSD) aposta na experiência olímpica como trunfo da candidatura do Rio de Janeiro.
“Esse evento é a cara do Rio, e a cidade já tem uma estrutura para grandes eventos preparada. Cinco anos atrás, a gente recebeu as Olimpíadas. Então já tem hotel, tem venue, tem capacidade de fazer mobilidade”, afirma.
A ideia é justamente instalar o Web Summit nos espaços utilizados na Rio 2016, como o Parque Olímpico ou o Riocentro, que já têm rede de transportes bem estabelecida.
Segundo Paes, a maior parte dos recursos virá da iniciativa privada.
“Tirando a infraestrutura da cidade e o apoio, a Prefeitura não vai aportar nenhum recurso. Ainda não entramos nos detalhes [das contrapartidas], mas já temos o patrocínio. Eu não vou dizer nomes aqui, mas já está todo viabilizado pelo setor privado. Tem uma garantia do Senac-RJ, mas já há uma série de outros atores privados que toparam participar”, enumera.
Em Lisboa defendendo a candidatura de Brasília, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), reforçou pontos como a segurança e as infraestruturas da capital brasileira.
“Nós temos um dos melhores aeroportos do Brasil, temos hotéis de qualidade num raio de 5 km do centro de convenções e temos as estruturas necessárias para receber uma feira desta natureza. Nós vamos trabalhar forte para poder levar isso para o Distrito Federal”, afirma.
Segundo o governador, o setor de tecnologia é estratégico para os planos de desenvolvimento da economia do estado.
“Brasília não tem características industriais. Então, essa área da tecnologia e da criação de novos negócios é exatamente o que estamos tentando construir na nossa cidade.
Já vem na linha daquilo que a gente vem buscando desenvolver no Distrito Federal, que é uma tecnologia limpa em que a gente possa investir”, completa.
Embora menos conhecida internacionalmente, Porto Alegre diz não se intimidar com o peso da concorrência.
Secretário de Planejamento, Governança e Gestão do governo do Rio Grande do Sul, Claudio Gastal justifica sua confiança na própria escolha de Lisboa como atual cidade-sede do evento na Europa. Nascida na Irlanda em 2010, a conferência mudou-se para Portugal em 2016, após o governo luso oferecer melhores condições à organização. Outras cidades do continente também estavam no páreo.
“Eu disse ao Paddy [Cosgrave, fundador da conferência] que a própria vinda do Web Summit de Dublin para Lisboa não foi óbvia. Lisboa não era a cidade que as pessoas esperavam. E Porto Alegre também é isso: o não óbvio, o fora do senso comum. Nós estamos para a América Latina como Lisboa estava para a Europa”, compara Gastal.
O secretário destaca a presença de polos de tecnologia no estado e o forte engajamento dos setores público e privado para levar o evento para a capital gaúcha.
“Por outro lado, temos um ecossistema, um ambiente, uma governança institucional nos níveis estadual e municipal, e com o setor privado, bastante articulado.
“Somos um ambiente que está dentro de uma estratégia de longo prazo, algo que foi construído com a comunidade, e não algo de governo somente. Essa discussão foi articulada desde o primeiro momento, mais de um ano atrás, por uma coalizão de pessoas do setor público, privado e terceiro setor. Então, já ganhou enraizamento no tecido social”, diz.
Responsável pela internacionalização da Web Summit, o português Artur Pereira diz que o apoio do poder público na questão da segurança e das infraestruturas será fundamental para garantir a realização da conferência.
“Há sempre um apoio financeiro, mas mais importante do que isso é o apoio institucional. Para nós, a infraestrutura tecnológica é muito importante, como wifi, por exemplo. Depois, tudo o que tenha a ver com aeroporto e com o deslocamento e a segurança das pessoas”, afirma.
Segundo ele, a ideia é desenvolver um modelo de conferência especialmente planejado para o Brasil, também envolvendo empresas e milhares de participantes internacionais.
“Não vamos tirar o Web Summit de Lisboa para o Brasil. Vamos criar um evento novo, algo do zero, especial para o país”, detalha.
Os brasileiros marcam cada vez mais presença na conferência europeia. Neste ano, foram a quinta nacionalidade mais presente.
Coordenadora de expansão internacional da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Karina Bazuchi avalia que o Web Summit já conquistou as start-ups brasileiras.
“A participação ajuda muito a criar conexões para as empresas. Aqui é um hub, existem todos os tipos de atores do sistema de inovação. Estar aqui possibilita o acesso a tudo isso”, diz.
Segundo ela, o Brasil terá muito a ganhar com uma edição nacional da conferência.
“Independentemente da cidade escolhida, nós sabemos que vai ser uma mega oportunidade para o país. Nós vemos como Portugal, atraindo o Web Summit para cá, conseguiu consolidar o posicionamento do país como um hub de inovação regional. Pode ser que tenha este mesmo efeito no Brasil, que já é referência e pode crescer ainda mais.”