Deputados do PDT dizem que cúpula sabia de acordo na PEC e veem reação desmedida de Ciro

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A suspensão da pré-candidatura à Presidência por Ciro Gomes após apoio de parte da bancada do PDT à PEC dos Precatórios foi classificada como uma reação desproporcional por deputados do partido.
Pedetistas relataram à reportagem que a cúpula do partido e a família Gomes sabiam da negociação e indicaram o apoio dos deputados do Ceará como prova do conhecimento.
O apoio foi fundamental para aprovação em 1º turno da PEC. A votação foi apertada e o governo conseguiu apenas 4 votos a mais que os 308 necessários.
A articulação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi feita pelo líder do PDT, Wolney Queiroz (PE), e André Figueiredo (CE).
A negociação envolveu um prazo menor para o pagamento dos precatórios da educação, de 10 para 3 anos. A mudança foi defendida por governadores de Pernambuco e Ceará, que pressionaram seus deputados.
O deputado Paulo Ramos (RJ), um dos pedetistas contrários à PEC, disse à reportagem que uma reunião da bancada às 18h30 na quarta (3) serviu para o partido informar sobre o voto favorável.
No encontro, diz Ramos, todos deputados cearenses estavam presentes.
“Não acredito que eles não tenham conversado com o Ciro Gomes, porque se eles fizeram isso é muito mais condenável”, afirmou.
Segundo o deputado, o encontro passou a impressão aos deputados que “tudo estava articulado com o Ciro e com a cúpula do partido”.
“Como a bancada do Ceará estava apoiando toda a articulação com o Arthur Lira, obviamente passou pela minha cabeça de todo mundo que o Ciro Gomes tinha ciência”, disse.
Boa parte da bancada do PDT se reuniu com Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro, após um evento no Senado Federal no final da tarde.
Pedetistas presentes no encontro relatam que o senador se manifestou contra a PEC, mas teria sinalizado compreensão sobre a necessidade de diminuir o tempo dos precatórios da educação.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, foi informado do acordo para apoiar a proposta pelo líder da bancada.
Nesta quinta (4), Lupi divulgou uma nota para informar que o partido vai ao Supremo Tribunal Federal contra a manobra de Arthur Lira que liberou o voto remoto.
Um pedetista do Ceará relatou que a negociação também envolveria o apoio do PSB, que não seguiu o PDT na última e orientou o voto contra.
Após o recuo dos socialistas, segundo relatos, o que mais pesou para os deputados do PDT foi a pressão de governadores, em especial da região nordeste, que têm interesse na PEC.