Após nove anos, o empresário Abilio Diniz não faz mais parte dos acionistas da BRF (BRFS3), de acordo com o documento publicado nesta semana pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
Em uma operação de R$ 898,9 milhões com Marfrig (MRFG3), Diniz vendeu 3,8% de participação na companhia por meio de um de seus fundos exclusivos, aumentando ainda mais as expectativas de uma fusão entre as gigantes de alimentos.
Isso porque a Marfrig atingiu uma fatia total de 33,2% na BRF, próximo ao catalisador de poison pill de 33,3% o que, para a avaliação do Bradesco BBI, pode aproximar a companhia de uma fusão ou takeover da BRF. O poison pill determina que qualquer acionista que se torne titular de 33,33% das ações da empresa é obrigado a divulgar este fato e lançar, em até 30 dias contados a partir da aquisição mais recente, uma oferta pública de aquisição (OPA) para todos os demais acionistas.
Por causa disso, a sessão trouxe forte disparada para as ações da BRF, onde os ativos fecharam com alta de 6,56%, a R$ 22,75, enquanto MRFG3 teve leve queda de 0,44%, a R$ 25,16.
A venda das ações de Abilio para Marfrig foi acertada em maio, porém só se efetivou em agosto, após a aprovação do negócio no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Esse contrato também elevou no mercado a expectativa de uma eventual fusão entre as empresas.
“Um documento protocolado na SEC sugere que um acionista experiente atribui 50% de probabilidade a uma ação
societária entre a Marfrig e a BRF potencialmente acontecer até abril de 2022, o que acreditamos poderia resultar em um prêmio para os minoritários da BRF”, apontaram os analistas da casa no relatório. Depois, tomou-se conhecimento que o acionista era Diniz.
De acordo com a equipe de análise da XP, a compra de participação acionária da BRF pela Marfrig, ainda que até o momento seja um investimento apenas passivo, cria a expectativa de que a Marfrig esteja atualmente se preparando para uma fusão, embora não veja como sensato esperar que a empresa ultrapasse o poison pill.