Setor de alimentos deve ser destaque no fim do ano

Industria de alimentos e varejo divulgam projeção do ultimo trimestre

As festividades de fim de ano sempre trouxeram bons retornos para o comércio brasileiro. Porém, desde que a pandemia da covid-19 começou, esse foi um dos cenários mais afetados da economia nacional. Dentro desse cenário, muitos analistas esperam um fim de ano um tanto “magro” e difícil, a ver o setor de varejo que segue bastante desvalorizado por conta das perspectivas negativas.   

Somando a taxa de desemprego elevada e a inflação que não demonstra melhora, é natural que o foco do mercado seja redirecionado para serviços básicos e produtos essenciais. É nesse momento em que a indústria de alimentos aparece, mostrando resultados positivos com a exportação de produtos mesmo com a alta de preços no mercado interno. 

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), considerando uma recuperação econômica processual do país e a capacidade do Brasil vacinar parte significativa da população, estima um crescimento acima de 3% na indústria de alimentos das vendas reais em 2021. 

A projeção compara esse aumento com as vendas reais de 2020, onde os óleos vegetais que cresceram 21,2% e carnes, 13%, com a exportação de alimentos para países asiáticos, especialmente a China que se recupera da Peste Suína Africana e depende da importação de proteína animal de outros países, principalmente do Brasil. 

Entre janeiro e maio deste ano, a ABIA registrou que as vendas reais do setor (mercados interno e externo) apresentarem expansão de 2,1% e a produção física (base volume) de 2,5%, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. 

Os principais desafios para a indústria de alimentos continuam sendo as pressões de custos, associadas aos preços da commodities agrícolas. Diante dos últimos números da balança comercial, não há visibilidade de grandes mudanças o suficiente para que haja algum alento. Outro fator que gera incerteza são as eleições de 2022, que despertam questionamentos e inseguranças. 

‘’Não acho que essa seja uma saída a curto prazo, o Brasil vai continuar exportando bem porque é o que sabemos fazer. A inflação vai continuar prejudicando os consumidores domésticos, essa questão só pode ser vista com otimismo se consideramos um período de tempo muito maior, levando em conta os elementos de expectativas globais e crescimento do PIB.’’, disse Nathan Meireles, analista da BP Money. 

 Recuperação no setor de varejo 

Em setembro, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou de 4,5% para 4,9% a projeção para o crescimento do varejo em 2021. Em 2020, o setor teve variação de 1,2%, devido ao impacto da crise sanitária e ondas da covid-19. 
 

O economista-sênior da entidade, Fabio Bentes, acredita que “a tendência de médio prazo é de que, com a desaceleração consistente da crise sanitária, as vendas sigam reagindo predominantemente em função da diminuição do isolamento social decorrente do avanço da vacinação da população, o que, consequentemente, reduz as chances de novos decretos restritivos à atividade comercial”. 

A revisão em torno cenário varejista em 2021 ocorre com base em uma avaliação da entidade que mostra que a inflação deve agir como “um limitador ao ritmo de expansão das vendas nos próximos meses”. “ 

A disparada da inflação, fez com que os preços dos alimentos aumentassem, impactando seriamente o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tiveram recuo de 4,6% se comparado ao mesmo período de 2020. Sendo essa a sétima taxa negativa consecutiva nessa comparação. 

Sobre a manutenção do varejo em níveis quase pré-pandêmicos, o analista da BP Money disse ainda que ‘’há uma preferência por produtos essenciais e uma menor compra por impulso ou por bens supérfluos e duráveis, onde o consumo pode ser adiado”.