Como fala de Guedes sobre teto de gastos impacta no mercado?

Efeitos foram sentidos desde antes da abertura do Ibovespa

Como fala de Guedes sobre teto de gastos impacta no mercado?
Foto: Sérgio Lima/Poder360

O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou nesta quarta-feira (20) que o governo deve pedir a aprovação do Congresso Nacional para utilizar R$ 30 bilhões, fora do teto de gastos, para financiar o benefício de R$ 400 do Auxílio Brasil. Com a repercussão da fala do ministro, o mercado brasileiro reagiu de forma negativa. 

Os efeitos foram sentidos desde antes da abertura do Ibovespa. Por volta das 9h40, horário de Brasília, o dólar chegou a avançar 1,40%, a R$ 5,63. Mas como as alegações de Guedes repercutiram desta maneira no mercado?

Primeiro é importante entender que o teto de gastos impõe que as despesas públicas sigam constantes em termos reais, fazendo que o comprometimento de gerar os superávits primários necessários para cumprir a dívida no futuro seja crível. 

Com a possibilidade de ultrapassar o teto de gastos, a bolsa brasileira voltou a cair nesta quinta (21), após ter registrado um tímido avanço de 0,10% no encerramento do pregão da quarta (20). Na terça-feira (19), a bolsa já tinha enfrentado um tombo com a repercussão do tema, em um dia em que diversas bolsas mundiais subiam. 

O rompimento do teto deixa mais nítido o risco aumento da inflação e dos juros frente a uma saída de dólares do Brasil, que como consequência resulta na desvalorização do real em comparação à moeda estadunidense. 

Conforme a Reuters, os preços do dólar no mercado nacional já haviam sido percebidos desde o final da sessão da quarta. Já nesta quinta, os contratos de real transacionados na Bolsa Mercantil de Chicago caíram 2,1%, com preço do dólar a R$ 5,67. Em Paris, um ETF que acompanhava o Ibovespa tombou 5,2%.

Em entrevista ao veículo, o chefe da área de estratégia da Renascença, Sérgio Goldestein, afirmou que o mercado entende que essas medidas – sobre propostas para o teto de gastos – como populismo fiscal, como uma busca de reeleição. 

Em entrevista à CNN Brasil, nesta quarta, o ministro da Cidadania, João Roma, ao confirmar que o Auxílio Brasil começará a ser pago em novembro, com valor de R$ 400, afirmou que o modelo não está fechado e reforçou que haverá responsabilidade fiscal, com a possibilidade de reavaliação do teto de gastos. A área econômica deverá viabilizar essa equação junto ao Congresso. Trabalhos para que a equação ocorra dentro da responsabilidade fiscal”, disse.