Veto da China à carne brasileira já tem mais de 40 dias

Mesmo diante do controle de canos de "mal da vaca louca" no Brasil, suspensão segue mantida

Após a confirmação de dois casos dois casos atípicos de “doença da vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina), a exportação de carne bovina do Brasil para China foi interrompida. Entretanto, mesmo com o controle dos casos no Brasil, a suspensão chinesa segue mantida, chegando a seis semanas.

Segundo o Financial Times, jornal do Reino Unido, a permanência do veto preocupa autoridades brasileiras e pode reduzir as exportações em aproximadamente R$ 22,3 bilhões, na cotação atual do dólar. 

Em uma relatório sobre os casos de “mal da vaca louca”, a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) apontou que não há risco de proliferação da doença. Em entrevista à CNN Rádio, o professor de economia do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Roberto Dumas, disse que o Ministério da Agricultura foi ágil para pedir à OMSA uma validação, que já alegou que o país tem casos isolados e independentes.

Em 2021, entre os meses de janeiro e julho, as exportações de carne bovina do Brasil para a China alcançaram 490 mil toneladas e chegaram a venda de US$ 2,5 bilhões, ou R$ 13,6 bilhões, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O número corresponde a um aumento de 8,6% e 13,8%, respectivamente, em relação ao período de janeiro a julho do ano passado.

Em entrevista ao Financial Times, um executivo de um grande frigorífico brasileiro relatou estar surpreso com a duração da suspensão da exportação de carne bovina. Analistas brasileiros acreditam que a proibição é uma estratégia da China para obter vantagem comercial.

Uma pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontou que na segunda-feira (18) a cotação do boi gordo chegou a R$ 267,8, o que corresponde ao menor valor diário desde 30 de dezembro. Segundo especialistas, esse recuo ocorre por haver mais carne no mercado brasileiro.

Em entrevista ao G1,  a CEO da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel, disse que essa queda de preços não chegará ao consumidor. 

“Esse movimento, entretanto, não deve se refletir ao consumidor. De janeiro de 2020 a agosto de 2021, por exemplo, o preço do boi subiu 60%, enquanto nos mercados subiu 40%. Então acredito que o varejo vai aproveitar esse momento para recompor margem”, explicou.