O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de uma reunião com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e avaliou que a inflação deve atingir seu pico em 12 meses em setembro, pelo Índice Nacional de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA).
Durante sua apresentação nesta segunda-feira (4), Campos Neto relembrou que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, bateu em 1,14% em setembro. A taxa é a maior para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, quando ficou em 1,63%.
Em 12 meses, o indicador ultrapassou os dois dígitos, chegando a 10,05%. Setembro foi o primeiro mês de vigência da bandeira de escassez hídrica, que será cobrada até abril.
“Setembro deve ser o pico da inflação em 12 meses. A gente entende que existe um elemento de persistência maior e por isso estamos sendo mais incisivos nos juros”, disse o presidente do BC.
Durante o evento, Campos Neto também avaliou que a inflação de serviços no país está “relativamente bem comportada”, e que tem subido porque a economia está reabrindo em meio ao arrefecimento da pandemia de Covid-19.
“A gente tem observado o repasse represado nos serviços. Em 2020, houve uma onda de inflação que atingiu os alimentos, e um segundo choque de monitorados, em 2021.”
O presidente do BC comentou, ainda, que parte do combate à inflação envolve a questão fiscal, já que quando a curva longa de juros cai, o mesmo movimento de política monetária gera mais efeito na economia.
“Fiscal é muito importante para poder aumentar a transmissão da política monetária.”
Ele fez referências ao impacto da energia elétrica para a inflação, pontuando ter preocupação com o movimento de preços administrados.
Foi por essa razão que o BC decidiu ser conservador e colocar bandeira vermelha 2 em suas projeções para o IPCA, disse. Por outro lado, ele ponderou que o movimento de chuvas está vindo mais forte.