Segundo relatório do Goldman Sachs obtido pela Bloomberg, a “dívida oculta” da China atingiu US$ 8,2 trilhões (R$ 44,73 trilhões na cotação atual) em veículos de financiamento do governo local (LGFV, na sigla em inglês). Em setembro o mercado balançou após temores sobre a dívida de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) da Evergrande.
O instrumento, que não aparece como passivo nos balanços de governos chineses, ajudou o país asiático a manter seu acelerado ritmo de crescimento por anos e a emergir ainda mais forte da crise de 2008, com grandes investimentos em infraestrutura.
De acordo com o Goldman Sachs, as dívidas em LGFV cresceram 16 trilhões de iuanes desde 2013, chegando a 53 trilhões de iuanes, ou US$ 8,2 trilhões. O montante é equivalente a 52% do PIB da China.
Da dívida total do LGFV, 40% está concentrada nos setores de construção, transporte e em conglomerados industriais.
As preocupações sobre a sustentabilidade dos LGFVs ocorrem em meio a dúvidas sobre o nível de crescimento da China, onde dados de atividade econômica vêm decepcionando economistas.
Em relatório liderado pela economista Maggie Wei, a equipe do Goldman Sachs aponta que os LGFVs devem continuar sendo necessários “para apoiar o crescimento econômico”. Isso porque as vendas de terrenos – uma das principais fontes de receita dos governos locais – têm diminuído, com a crise da Evergrande.
O relatório, no entanto, aponta que 60% dos títulos emitidos por plataformas locais tiveram como finalidade o pagamento de dívidas com vencimento entre 2020 e 2021, e não novos investimentos.