A Bolsa de Valores fechou em alta de 0,27% nesta segunda-feira (27), a 113.583 pontos, em um pregão marcado por oscilações geradas por declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) envolvendo a política de preços de combustíveis praticada pela Petrobras. O dólar subiu 0,65%, a R$ 5,3790.
A estatal, que tinha iniciado o dia subindo quase 2% impulsionada pela alta do petróleo, passou a devolver os ganhos após os comentários de Bolsonaro no final da manhã desta segunda.
O presidente afirmou ter se reunido com o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) para discutir formas, na Petrobras, de “diminuir o preço” de combustíveis “na ponta da linha”.
“Hoje estive com o ministro Bento, conversando sobre a nossa Petrobras, o que podemos fazer para melhorar, diminuir o preço na ponta da linha. Onde está a responsabilidade?”, questionou Bolsonaro.
Horas depois, a diretoria da estatal anunciou uma entrevista à imprensa para tratar do tema, o que inicialmente reforçou a preocupação do mercado sobre eventuais intervenções do governo.
O temor se dissipou ao início da entrevista, com a Petrobras reafirmando a política de preços ao explicar que os combustíveis podem sofrer novos reajustes. Os papéis da empresa iniciaram uma recuperação a tempo de encerrar o pregão em alta de 0,89%.
“O Ibovespa manteve a alta durante boa parte do dia e, no começo da tarde, virou, com o mercado assustado pelas declarações do Bolsonaro, seguidas do anúncio de entrevista da Petrobras”, afirmou Bruno Mansur, especialista da Valor Investimentos. “Quando a Petrobras começou a falar, o temor de intervenção nos preços se dissipou”, disse.
O valor da Petrobras vem subindo devido às altas do petróleo. O barril do Brent, referência para o mercado, subiu 1,70%, cotado a US$ 79,42 (R$ 424,72). Essa foi a quinta elevação consecutiva da commodity.
A valorização do petróleo no mercado internacional é potencializada pela redução da produção no Golfo do México após a passagem do furacão Ida e pela expectativa de aumento da demanda com a retomada econômica no pós-pandemia.
No pregão desta segunda também se destacaram as ações da BRF (BRFS3) e da Marfrig (MRFG3), que saltaram 7% e 7,15%, respectivamente, liderarando as altas da Bolsa. As valorizações ocorrem após o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar, sem restrições, a aquisição pela Marfrig de ações da BRF.
As ações da Vale (VALE3) subiram 1,43% após o governo chinês sinalizar que irá interferir para amenizar a crise imobiliária que pode ser desencadeada pela quebra da incorporadora Evergrande.
A mineradora brasileira tem no setor da construção civil da China um dos principais mercados para a sua produção de minério de ferro.
Nesta segunda, os mercados receberam com alívio um comunicado do banco central da China, que prometeu proteger os consumidores expostos ao mercado imobiliário, no sinal mais claro até agora de que as autoridades chinesas podem tomar medidas para conter os riscos representados pela quebra da empresa.
O Banco do Povo da China não fez menção à Evergrande no comunicado, mas a promessa de proteger os direitos dos consumidores de habitação é o tipo de resposta que os mercados esperam.
A declaração do banco central foi emitida após a reunião do Comitê de Política Monetária do terceiro trimestre.
Em Wall Street, o índice Dow Jones subiu 0,21%. S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,28% e 0,52%, respectivamente.