BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os investimentos diretos de estrangeiros no Brasil somaram US$ 4,5 bilhões em agosto, queda de 26% em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo BC (Banco Central) nesta sexta-feira (24).
O volume ficou abaixo da estimativa da autoridade monetária para o período, que era de US$ 5,8 bilhões.
Os investimentos diretos no país são feitos por empresas que estabelecem um relacionamento de médio e longo prazo com o país e são menos voláteis por envolver decisões mais duradouras.
De acordo com dados preliminares até a última terça-feira (21), foram investidos US$ 3,6 bilhões em setembro. O BC espera que o mês encerre com ingresso de US$ 5 bilhões.
Nos doze meses encerrados em agosto, esse tipo de investimento totalizou US$ 49,4 bilhões, o equivalente a 3,12% do PIB (Produto Interno Bruto).
O ingresso dessas aplicações no país foi impactado pela pandemia. Com a crise, esses investimentos despencaram em 2020. Em comparação ao ano anterior, o volume de aplicações caiu pela metade. Ao todo, foram aportados US$ 34,1 bilhões no país no período, contra US$ 69,1 bilhões no ano anterior. O número foi o menor desde 2009, quando foram investidos US$ 31,4 bilhões.
As aplicações de estrangeiros no mercado de ações, fundos de investimento e títulos públicos brasileiros somaram US$ 1,2 bilhão em agosto, mesmo volume registrado em julho.
No período, os investidores estrangeiros preferiram papéis mais seguros e retiraram US$ 170 milhões de ações e fundos de investimentos. A saída foi compensada pela entrada líquida de US$ 1,4 bilhão em títulos públicos.
Em julho, o ingresso de aplicações estrangeiras no mercado doméstico havia caído 77% em relação a junho após turbulências na B3 (Bolsa de Valores brasileira) com a ameaça da variante delta do coronavírus, crise hídrica e inflação em alta, fatores que permaneceram no radar de investidores em agosto.
Em maio e junho, os investimentos deste tipo foram significativos, com US$ 5,9 bilhões e US$ 5,1 bilhões, respectivamente.
Dados preliminares de setembro mostram que o nível deve permanecer baixo em setembro, com entrada de US$ 918 milhões até a última terça.
No acumulado de 12 meses, os ingressos líquidos de investimentos em carteira totalizaram US$ 43,7 bilhões.
Em março do ano passado, quando o vírus chegou ao país, os estrangeiros retiraram US$ 22 bilhões do mercado de títulos brasileiro, que registrou resultados negativos até maio.
Esse tipo de investimento normalmente apresenta queda em meses mais turbulentos porque é muito sensível a crises momentâneas e ruídos.
De acordo com o BC, em agosto as contas externas tiveram superávit de US$ 1,7 bilhão. Nos 12 meses, o resultado foi negativo em US$ 19,5 bilhões.
A projeção do BC para setembro é de deficit de US$ 1,9 bilhão em transações correntes.
A balança comercial teve resultado positivo de US$ 5,6 bilhões em agosto.
As exportações ficaram em US$ 27,4 bilhões no mês, aumento de 56% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações somaram US$ 21,7 bilhões, alta 72,4% na mesma base de comparação.