A Petrobras e o governo do Rio de Janeiro assinaram nesta sexta-feira (10) protocolo de intenções para tentar atrair empresas para o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), um dos maiores projetos de investimento da estatal que naufragou após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
A ideia é transformar a área, hoje chamada Polo Gaslub Itaboraí, em um distrito industrial voltado a negócios que consomem gás natural, como as indústrias química, de fertilizantes, vidro e cerâmica, por exemplo. O projeto tem participação da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), que estima potencial de R$ 15 bilhões em investimentos.
Localizada em Itaboraí, na região metropolitana do Rio, a área do Gaslub tem 43 mil quilômetros quadrados e foi planejada para sediar refinarias e empresas petroquímicas, além de uma unidade de tratamento de gás natural do pré-sal. Mas o projeto foi abandonado após a Operação Lava Jato, gerando grande frustração no município, que esperava a geração de empregos e renda.
Deteriorado e abandonado, o projeto chegou a ser batizado de “cemitério da corrupção” pelo ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. “Como foi danoso esse início, esse desenrolar do Comperj”, disse nesta sexta o prefeito de Itaboraí, Marcelo Delaroli (PL). “Mas hoje é uma esperança de dias melhores.”
Atualmente, a Petrobras toca apenas a construção da unidade de tratamento de gás natural, que deve entrar em operação em 2022. O governo do Rio e a Firjan apostam que, com incentivos fiscais, empresas consumidoras do combustível podem ser atraídas pela proximidade do combustível e pela infraestrutura já construída pela estatal na área.
O governador Cláudio Castro (PL) disse que o estado investirá na melhoria de estradas e na segurança da região, que convive com o crescimento das milícias. O estado ainda promete tributação diferenciada a empresas que se instalarem no local. Além disso, o Rio avançou na legislação do gás, facilitando que grandes consumidores comprem diretamente da Petrobras.
Segundo o secretário estadual de desenvolvimento, Vinícius Farah, nove empresas já sinalizaram interesse em se instalar no polo. “Itaboraí convive com negócios interrompidos, centenas de empreendimentos abandonados…”, afirmou. “Esse projeto resgata a dignidade daquela região.” Segundo a Firjan, o projeto de retomada pode gerar 11 mil empregos.
“Os protocolos de intenções que ora assinamos são o primeiro passo de uma longa e promissora caminhada com a criação do complexo industrial do polo Gaslub”, disse em discurso o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. “Junto com a Petrobras essas empresas contribuirão para o desenvolvimento e pela geração de emprego e renda para o leste fluminense.”