SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de São Paulo determinou que qualquer bloqueio de caminhoneiro que não seja desfeito por meio de negociações em estradas estaduais seja retirado à força pela Polícia Militar Rodoviária.
Um teste ocorreu nesta manhã de quinta (9), quando a PM conseguiu ver a rodovia Anhanguera desbloqueada na altura de Limeira (145 km de São Paulo). Os motoristas estão nas ruas desde o 7 de Setembro, para apoiar o governo de Jair Bolsonaro.
A situação é de alerta, não menos porque São Paulo é governado por João Doria (PSDB), o maior rival político do presidente entre os chefes estaduais. Entre integrantes de sua gestão, desde quarta (8) há o temor de ações coordenadas visando afetar a estabilidade do tucano.
Seja como for, o clima começou a desanuviar desde que Bolsonaro pediu para que os caminhoneiros se desmobilizassem. O governo Doria, contudo, não tem gestão sobre as rodovias federais que cruzam o estado –aí o problema é da Polícia Rodoviária Federal, e houve registro de ações em duas delas, a Dutra e. Régis Bittencourt.
Bolsonaro foi alertado por auxiliares que sua associação com o movimento após ter convocado os caminhoneiros a apoiá-lo nos atos golpistas do 7 de Setembro teria consequência sobre sua popularidade decadente, já que o desabastecimento seria o problema número 1 em caso de crescimento dos bloqueios.
Na avaliação de oficiais-generais do Exército, a crise por ora está controlada, e não há a avaliação de que possa escalar para a confusão generalizada da greve de caminhoneiros de 2018. Teoricamente, a manifestação acaba à meia-noite desta quinta.
Militares sempre acompanham, por meio de seus serviços de inteligência, esse tipo de movimentação no país. A avaliação é de que, até pelo caráter político do ato agora, o temor de Bolsonaro de ver o caldo desandar vai colaborar decisivamente para encerrar a crise.
Em 2018, as Forças Armadas foram chamadas para intervir na crise e desbloquear estradas, mas o cenário era bem diferente, de desabastecimento generalizado e estado de emergência em várias regiões do país.
Ativistas bolsonaristas sonham com isso, supondo que o presidente poderia aproveitar para retirar poder de governadores oposicionistas, talvez alegando o estado de defesa –instrumento de exceção limitado que precisa de ratificação do Congresso.
O problema é que os caminhoneiros foram às ruas incentivados por Bolsonaro, então um movimento nesse sentido seria obviamente lido como o golpe que constituiria.
Diz um auxiliar do presidente que não dá para afirmar que ele não pensou no assunto, mas certamente viu que o preço em popularidade seria impagável, ainda mais com a crise econômica já adensada –vide a inflação e o apagão possível.