No dia seguinte aos atos em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez ameaças ao sistema democrático do país, a Bolsa de Valores brasileira abriu em queda acentuada.
Às 11h02 desta quarta-feira (8), o índice recuava 1,62%, a 115.956. Refletindo o clima tenso, o dólar caía 1,10%, cotado a R$ 5,2330.
As atenções do mercado devem se voltar às repercussões das manifestações que aconteceram do feriado de 7 de Setembro, segundo Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora.
“Vimos uma elevação de voz do presidente da República, e agora o mercado aguarda a reação dos demais Poderes”, diz Guerra.
Entre as preocupações no horizonte está o acordo que o governo tenta costurar com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, para que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) module o volume de pagamentos de precatórios -dívidas judiciais do governo- para 2022.
O governo tem afirmado que o pagamento integral da dívida, de R$ 89 bilhões, cria obstáculos ao funcionamento da administração no próximo ano.
Caso o governo não consiga uma solução com a colaboração do Judiciário, dependerá da aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que permita o parcelamento dos precatórios.
“Esse clima tenso traz mais dificuldade de pauta para discutir reformas e até o impasse do pagamento dos precatórios. Então, temos um ambiente mais avesso para a resolução de pautas importantes para a nossa agenda econômica”, afirma a analista.
O acirramento da crise de Bolsonaro com os demais Poderes pode, porém, afastar a chance de votação no Senado da reforma do Imposto de Renda, cuja aprovação pela Câmara na semana passada teve reflexo negativo para a Bolsa, segundo Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cancelou sessões deliberativas previstas para esta semana, avaliando que não há clima para as votações. “Com isso, a reforma do Imposto de Renda fica parada”, diz Zogbi.
No exterior, Dow Jones subia 0,09%, enquanto S&P 500 e Nasdaq recuavam 0,10% e 0,38%, respectivamente.
O petróleo Brent, referência mundial, subia 1,10%, a 72,48 dólares (R$ 376,95).