Golpe não é mais delírio paranoico, afirma Gustavo Franco

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio às expectativas quanto aos atos de raiz golpista marcados para esta terça-feira (7), já há no mercado financeiro quem veja a possibilidade de um golpe de Estado como algo factível.
Em carta aos investidores, Gustavo Franco, sócio da gestora Rio Bravo e ex-presidente do Banco Central, escreve que a atmosfera política pesada, reflexo das tensões provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), prejudica a economia.
?Fala-se até de golpe, o que, infelizmente, já não é mais tomado como delírio paranoico?, escreve Franco.
O executivo aponta ainda que as tensões entre os Poderes devem se estender até as manifestações a favor do governo. Há certa apreensão sobre a presença maciça de policiais armados entre os manifestantes, e não tanto entre os que vão reprimir os excessos dos manifestantes, diz o ex-presidente do BC.
?Não é claro se isso estava nos cálculos do presidente, se é que existe esse cálculo?, afirma o economista no documento.
O ex-presidente do BC considera como uma ?irresponsabilidade absoluta? o escalonamento recente das tensões. ?A economia sofre, os mercados apanham e a ansiedade é tão generalizada quanto desnecessária.?
Franco diz ainda que os resultados dos atos desta terça e do próximo domingo (12), quando está marcado protesto contra o governo, são importantes para dar o tom do restante do mandato presidencial.
?Parece ter se antecipado a já esperada paralisação das agendas econômicas reformadoras em consequência das divisões decorrentes, em última instância, da eleição presidencial que se aproxima.?
Segundo o sócio da Rio Bravo, enquanto o país e o mercado esperam a sequência de iniciativas capaz de promover um recuo coordenado, a política econômica vai perdendo qualquer lógica e funcionalidade.
Franco lembra ainda que as sinalizações recentes que vêm do exterior são positivas, com a continuidade do ambiente estimulativo por mais algum tempo. ?O problema é local, e político.?