RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Motor da economia brasileira, o consumo das famílias ficou estagnado (0%) no segundo trimestre, em relação aos três meses iniciais deste ano. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O consumo das famílias é o principal componente do PIB (Produto Interno Bruto) sob a ótica da demanda, respondendo por cerca de 60% do cálculo do indicador.
Após três meses de suspensão, o auxílio emergencial voltou a ser pago no país no começo do segundo trimestre, em abril. Mesmo com a redução nos valores e no número de beneficiários, a retomada do benefício foi vista por analistas como um incentivo ao consumo à época.
A inflação e as dificuldades de renda, por outro lado, diminuem o poder de compra dos brasileiros. A dupla acabou prejudicando o consumo entre abril e junho, destacou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
A inflação vem sendo puxada nos últimos meses por combustíveis e pela energia elétrica, que ficou mais cara com a crise hídrica.
Enquanto isso, a renda do trabalho segue fragilizada. Na terça-feira (1º), o IBGE informou que o rendimento real habitual (R$ 2.515) dos trabalhadores caiu 3% frente ao trimestre anterior. A massa de rendimento, que soma os salários, teve variação negativa de 0,6%.
?O consumo das famílias ficou estável. Tem coisas favoráveis, como a continuidade de programas de apoio do governo federal. Por outro lado, apesar da melhora na ocupação no mercado de trabalho, ainda temos efeitos negativos sobre a massa salarial, o que afeta o consumo das famílias, e o aumento da inflação?, frisou Rebeca.
?O consumo das famílias tem um peso muito grande na economia brasileira. O consumo pode ser ajudado por outros fatores, mas, até pelo seu peso, a trajetória do PIB não descola tanto dele?, acrescentou.
O IBGE também informou nesta quarta, na divulgação do PIB, que os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pelo indicador FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), caíram 3,6% no segundo trimestre.
O PIB sob a ótica da demanda contempla ainda exportações, importações e consumo do governo.
As exportações avançaram 9,4% entre abril e junho. Na teoria, o dólar alto incentiva os embarques.
Já as importações, que ficam mais caras com a moeda americana em patamar elevado, tiveram queda de 0,6% no segundo trimestre.
Por fim, o consumo do governo cresceu 0,7% no mesmo período.