SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Abraidi (associação que reúne importadores e distribuidores de materiais para saúde) prepara uma reclamação para levar a operadoras, planos de saúde e hospitais que têm atrasado pagamentos para as empresas fornecedoras de cateteres, marcapassos, próteses, equipamentos de proteção e outros materiais, segundo a entidade.
Pelos cálculos da Abraidi, a soma das retenções de pagamentos por hospitais, convênios, planos e seguradoras alcança R$ 1,6 bilhão. A conta também abrange hospitais públicos. Deste total, o volume de faturamentos postergados fica em torno de R$ 793 milhões. Em média, o tempo para quitar o débitos chega a 118 dias, conforme os números divulgados pela associação.
Os casos de inadimplência que ultrapassam 180 dias contados a partir da data da realização da cirurgia sem que o fornecedor seja remunerado chegam a R$ 714 milhões.
A Abraidi também se queixa de glosas injustificadas, que deixam um volume paralisado de R$ 118,6 milhões. As glosas são os casos em que as operadoras ou planos se negam a pagar alguns materiais usados em cirurgias já autorizadas.
O problema acontece há anos, segundo a entidade, mas as distorções que representavam 50% do fluxo de caixa das empresas do setor em 2019 subiram para 64% em 2020.
Sérgio Rocha, presidente da Abraidi, diz também que pretende levar os casos à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
“O maior percentual e as maiores dificuldades de negociação são com a Rede D’Or”, afirma Rocha.
Procurada pela reportagem, a Rede D’Or São Luiz diz que cumpre com seus pagamentos conforme os prazos pactuados com seus fornecedores e até acelerou pagamentos na pandemia. Afirma também que discussões pontuais de preços e prazos fazem parte de qualquer relacionamento comercial e todas as despesas com insumos estão devidamente contabilizadas.
“Ao longo da pandemia, inclusive, a empresa encurtou temporariamente o prazo médio de pagamento de alguns fornecedores”, afirma em nota.