BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Preocupado com o impacto do custo da energia na inflação , o ministro da Economia, Paulo Guedes, pressionou o governo para que a nova bandeira tarifária (vermelha 2) passe a valer R$ 14 e vigore por até sete meses. A expectativa é que o reajuste seja aprovado nesta sexta-feira (27).
Desta forma, o valor a mais que incide nas contas passaria dos atuais R$ 9,49 a cada 100 kWh para cerca de R$ 14 ?um aumento de aproximadamente 50%.
A proposta foi feita e, segundo assessores de Guedes, encaminhada para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que tem a palavra final sobre o reajuste.
O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) defende um repasse maior de custos para a bandeira. Ele queria que a bandeira vermelha 2 continuasse vigorando por R$ 24, o que daria um reajuste de 152%.
Representantes de distribuidoras, associações de consumidores e analistas de mercado estimavam que a bandeira 2 vermelha teria de dobrar de valor em setembro para cobrir a alta dos custos de geração de energia.
Se a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) adotar medida nesse sentido, a conta de luz passará por um reajuste médio de 15,2%.
Com a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, as hidrelétricas perderam espaço na oferta, enquanto o governo se viu obrigado a acionar térmicas ?fonte mais cara, cujo custo é repassado ao consumidor.
As bandeiras ?verde, amarela e vermelha? constam da conta de luz e servem para indicar a necessidade de se reduzir o consumo. Caso contrário, o cliente paga mais.
A proposta de Guedes foi a que ganhou mais apoio no Planalto, onde o presidente Jair Bolsonaro baixou uma regra segundo a qual ministros não podem mais “dar notícia ruim”.
Por essa regra, Bento Albuquerque, que administra uma das piores crises da história, não pode falar de racionamento, nem promover reajustes muito bruscos.
Assessores do Palácio do Planalto avaliam que a adoção de um racionamento no momento prejudicaria ainda mais Jair Bolsonaro em sua campanha pela reeleição. O presidente vê sua popularidade despencar diante de medidas contra a pandemia e da degradação do cenário econômico.
Essa lógica foi a que levou a Aneel a repartir o repasse do último aumento da bandeira tarifária, ocorrido no final de junho, dando 52% de aumento (passando para R$ 9,49 cada 100 kWh), e deixando a diferença ?cerca de R$ 3 bilhões? para uma outra oportunidade.
O preço da energia foi o que mais pesou no IPCA e a tendência é de alta diante do agravamento da crise. No acumulado dos últimos 12 meses até agosto, o IPCA-15 atingiu 9,3% ?e um dos maiores impactos foi o da energia elétrica, que subiu 5% no mês, segundo o IBGE.
Consultado, o Ministério da Economia não quis comentar. O Ministério de Minas e Energia não respondeu até a publicação desta reportagem.