Juro real chega maior número em quase três anos, diz site

Cálculo feito pelo Valor Data apontou que o juro real ex-ante subiu a 3,61% na quinta-feira

As taxas de mercado saltaram diante das dúvidas em relação a situação fiscal atual  eda continuidade das pressões inflacionárias que impulsionou ao juro real, atingindo o maior nível desde outubro de 2018. Um cálculo feito pelo Valor Data, com base nos contratos de swap de juro de 360 dias e das expectativas de inflação, apontou que o juro real ex-ante subiu a 3,61% na quinta-feira, encerrando a semana passada em 3,57%.

O movimento vem em disparada dos juros do mercado. O Boletim Focus apresentou projeções de Selic firmes em 7,5% em 2021 e em 2022, porém reportou uma deterioração na perspectiva inflacionária diante das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de alta de 3,90% para 3,93% em 2022.

“A mensagem do Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] foi muito clara e importante no sentido de sinalizar [na reunião de agosto] o compromisso com a meta de inflação. Essa foi a grande diferença para as outras reuniões. O Copom deixou de dar sinalizações sobre qual será a taxa final para focar no compromisso inequívoco de fazer a inflação convergir para a meta”, disse o economista-chefe da Occam, Paulo Val., em entrevista ao Valor Econômico. 

Para o economista, a consequência do processo é uma taxa de juros restritiva no fim do ciclo. Val ainda observa que a Selic em 7,5% estaria no nível de equilíbrio e ressalta que suas projeções não incorporam uma mudança na estimativa de taxa de juros real neutra. 

“Essa percepção fiscal pior coloca, sem dúvidas, um vetor de alta na projeção do juro neutro, mas isso ainda não está incorporado nos nossos números. O risco, na nossa opinião, é que esse conjunto de ruídos políticos e riscos fiscais gere um ambiente de juros mais altos. No fim, acabaríamos tendo menos crescimento, mais juros e mais inflação”, afirma.