SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Representantes de setores que vinham apontando defeitos na reforma tributária concordaram com a afirmação do ministro Paulo Guedes, na sexta (20), de que melhor seria não fazer a reforma do que piorar o sistema atual.
A fala levantou a antiga bandeira para que seja feita, antes, a reforma administrativa.
“Essa reforma, que não é tributária, mas apenas do Imposto de Renda, deve ser esquecida. Vamos fazer a reforma administrativa para saber o tamanho do estado e depois a tributária”, diz Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, que reúne o setor farmacêutico.
Basílio Jafet, presidente do Secovi-SP (construção), também diz que a ordem deveria ser invertida, para definir o custo do estado em condições mais enxutas antes de propor uma reforma que trate de todos os impostos e não apenas o IR.
“É difícil concordar com modificações específicas sem saber como fica o todo. Talvez, se realizasse só pequenos ajustes pontuais, corrigindo distorções hoje existentes, fosse mais fácil prosseguir. Deixaria a reforma como um todo para ser debatida com tempo, sem açodamento”, afirma.
Para Jafet, o substitutivo atual tende a aumentar as distorções, ao criar condições diferentes para diversos segmentos e para empresas de porte diferente.
“Se for para piorar o que já está ruim, é melhor não fazer reforma tributária”, diz José Augusto de Castro, da AEB (associação de comércio exterior).
Fernando Pimentel, da Abit (associação da indústria têxtil), diz que concorda com o ministro, mas pondera que piorar é relativo. “Mudar para piorar não vale, mas dependendo da ótica de quem olha, pode ser que melhore”, afirma.
José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (plásticos) e vice da Fiesp, discorda.
“Não é porque a reforma está ruim do jeito que está sendo encaminhada que devemos abandonar. É a reforma que vai trazer crescimento, empregos de melhor qualidade e investimento. Se ela está ruim, tem que melhorar, e não abandonar, porque há 33 anos tentamos fazer uma reforma tributária”, afirma Roriz.