O presidente da Anglo American no Brasil, Wilfred Bruijn, o Bill, explicou que a desvalorização do minério de ferro é um movimento irracional, e o melhor para as empresas é “assistir da arquibancada” à flutuação da commodity, sem “participar do jogo”. Ao Estadão, ele disse que a instabilidade gera uma incógnita sobre o preço a ser lançado pelas empresas no orçamento de 2022.
Na última semana, o preço “spot” do minério com 62% de teor de ferro para entrega na China, referência do produto, acumulou perdas de US$ 30 de terça a quinta-feira, negociado ao menor valor em seis meses. Já na sexta, o minério recuperou US$ 7 das perdas, cotado a US$ 140,44 a tonelada, mas o sentimento ainda era de cautela.
Segundo Bruijn, essa desvalorização é por conta das medidas regulatórias do governo chinês para diminuir a produção de aço, o que resultaria em menor demanda por minério.
“O sentimento era de que a queda estacionaria em algum ponto, mas não foi o que aconteceu. O preço continuou caindo”, diz o executivo. “É algo mais emotivo de um mercado que busca um novo patamar. Não sei dizer se o próximo movimento vai ser de mais uma queda de 20% ou uma alta de 20%.”
Mesmo com a baixa recente, a commodity continua negociada acima dos valores de antes da pandemia. Em fevereiro do ano passado, o produto era vendido perto de US$ 80 a tonelada, quase a metade da cotação de sexta-feira. O avanço seria resultado de um mercado “apertado”, fruto da pouca oferta adicional de minério no mundo e uma demanda crescente, sobretudo das siderúrgicas da China.
O presidente explicou que a oscilação dos valores reflete no balanço financeiro, uma vez que a companhia não “trava” a cotação em operações de hedge. A Anglo American deve produzir, neste ano, de 24 a 25 milhões de toneladas de minério de ferro no sistema Minas-Rio, em Conceição do Mato Dentro (MG). A produção é exportada, sobretudo, para China, Coreia do Sul, Taiwan e Oriente Médio.