Como os Big 4 se tornaram dominantes no mercado mundial

Apple, Google, Amazon e Facebook, quais são as estratégias de aquisição dessas empresas?

Provavelmente lendo esta matéria você está utilizando um navegador desenvolvido pela Apple ou Google. Se estiver utilizando um celular é praticamente certo que essas duas empresas foram responsáveis pelo sistema operacional. 

Para chegar até aqui, você veio de um link postado no Apple News ou Google News, ou em uma rede social do Facebook. E quando esta página carregou, ela, como muitas outras na Internet, se conectou a um dos centros de dados onipresentes da Amazon.

O Big4 formado por Apple, Amazon, Google e Facebook são dominantes no mercado mundial. Mas, quais foram as estratégias adotadas por essas grandes corporações para chegarem onde estão?

Então, todas elas seguiram um padrão parecido. Primeiro se tornaram as maiores potências em seus setores, como o comércio de eletrônicos para a Amazon, ou a pesquisa via internet da Google. Em seguida, ampliaram ainda mais o seu mercado realizando aquisições de empresas menores de novos setores, para assim superar os seus concorrentes.

Amazon
Fundada em 1994, a Amazon era apenas uma livraria online, mas com o rápido crescimento que teve, a empresa de Jeff Bezos se tornou a “loja vende tudo”. Realizando sua primeira aquisição em 1998, a Amazon tomou gosto pela coisa e já comprou mais de 71 empresas que eram, originalmente, fora do ramo da empresa, sendo 69 compradas após o ano de 2007.

Para entrar na área de supermercado a empresa comprou o “Whole Foods Market”. Logo depois para entrar no setor de vestuários, compraram a Zappos. Para entrar no mercado de jogos e lives, em 2014 a Amazon comprou a Twitch, que hoje é a maior marca da área. Vale lembrar que Jeff Bezos também é dono do “The Washington Post”, um dos maiores jornais dos Estados Unidos.

Atualmente, os maiores investimentos da empresa são na área de inteligência artificial(IA), comprando empresas de robótica e inovação para poder aprimorar um dos seus maiores produtos hoje, a assistente virtual, Alexa.

Existem poucas áreas do cenário tecnológico em que a Amazon não encontrou alvos de aquisição. A companhia descreveu seu negócio como “ilimitado”. 

Com uma estratégia de máxima ampliação possível, hoje a Amazon além de uma loja “vende tudo” funciona como serviço de Streaming de filmes e séries (Amazon Prime), Streaming de músicas (Amazon Music) e Streaming de Vídeo (Twitch). Hoje é possível afirmar que é a empresa que mais investiu no setor.

Em 2020, a Amazon faturou cerca de US$ 386 bilhões (R$ 2 trilhões na cotação atual)

Apple
Mais antiga do Big4. A Apple foi fundada em 1976 e inicialmente era uma empresa focada na produção e distribuição de computadores. Para falar sobre as aquisições da Apple, é preciso separar em duas “eras”, o antes e depois do primeiro Iphone.

Até 2007, ano de lançamento do primeiro Iphone, a Apple havia adquirido um total de 24 empresas, sendo 14 do setor original de computadores e 12 de ramos diferentes do primário. Hoje, 14 anos após o lançamento, a empresa diversificou muito o seu negócio e possui, no total, 123 empresas, sendo 96 aquisições de negócios diferentes da área original.

A primeira grande compra da Apple, foi a Siri (Sim, a Siri não foi criada por Steve Jobs), desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA, a atual inteligência artificial da Apple foi adquirida em 2010.  De 2013 a 2020, a Apple adquiriu 14 empresas de IA que trabalham com reconhecimento de voz e facial, assistência virtual, processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina.

Em 2014, foi o ano da aquisição mais cara da Apple, por US$ 3 bilhões a empresa comprou os direitos da Beats Electronics, que ajudou no lançamento da Apple Music no ano seguinte.

De 2013 a 2020, a Apple adquiriu 14 empresas de inteligência artificial que trabalham com reconhecimento de voz e facial, assistência virtual, processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina. Em uma entrevista, o CEO da Apple, Tim Cook, afirmou que em maio de 2019 a empresa havia comprado 25 empresas em 6 meses.

Um pouco diferente da Amazon mas seguindo a mesma linha, a Apple investiu em aquisições para aumentar sua receita de “serviços”, fazendo que os acionistas  estimulem os lucros à medida que as vendas de smartphones recuam.

Em agosto, o valor total do capital da Apple atingiu US$ 2 trilhões e se tornou a empresa mais valiosa do mundo.

Facebook
O Facebook Inc é a empresa que menos fez aquisições do Big4, mas não se engane, a empresa é simplesmente avassaladora dentro do seu ramo de atuação.

Fundado em 2004, o Facebook foi criado para ser o que é até hoje, uma rede social. Até metade de 2009, antes de estourar, a empresa tinha adquirido apenas 3 empresas, sendo todas elas desconhecidas e de pequeno porte, mas hoje após 12 anos a companhia é dona de 105 empresas.

Atualmente o Facebook Inc possui 4 das principais empresas do ramo de redes sociais, o próprio Facebook, Facebook Messenger, Instagram e Whatsapp. Para termos noção do tamanho que isso representa, entre os 10 aplicativos mais baixados da última década, o Facebook é dono de 4.

Apesar de ter sido ultrapassado em número de downloads recentemente pelo TikTok, o aplicativo do Facebook é utilizado por 65% dos adultos do Estados Unidos, e mantém uma média de 1,8 bilhões de usuários ativos diários e possui cerca de 2,8 bilhões de usuários ativos mensais. Isso considerando apenas o próprio aplicativo do Facebook, pois somando os 5 carros chefes da empresa, são 7,15 bilhões de pessoas por mês.

Entre os integrantes do Big4, o Facebook Inc é a companhia que menos fez aquisições, mas o que mais chama a atenção da empresa é a sua capacidade de se adaptar às necessidades de seus usuários. Quando não consegue comprar sua concorrente, o Facebook consegue extrair as funções de seus adversários e adaptar aos seus aplicativos com muita naturalidade.

Exemplo disso foi a criação dos “Stories” e “Close Friends” após falha na compra do Snapchat, após introdução das novas funcionalidades o Instagram retomou a posição de maior rede social de fotos. 

Apenas no primeiro trimestre deste ano, o Facebook Inc teve uma receita de US$ 26,17 bilhões, sendo que a projeção dos analistas era de US$ 23,6 bilhões.

Google
O poderoso Google foi a companhia que mais fez aquisições entre os Big4. Quase todos os produtos ofertados pela empresa, foram frutos de compras de outros negócios.

Fundado em 1998, o Google foi desde sempre uma ferramenta de pesquisa para a internet, mas não se limitou apenas a uma função. Hoje o Google possui um leque quase ilimitado de funcionalidades dentro de seu site, indo de Workspace até o Scholar, a empresa hoje é uma superpotência da internet, e, indiretamente, todas as empresas citadas aqui dependem dele.

Nos primeiros 10 anos de existência, o maior foco do Google foi investir massivamente em publicidade o que gerou bilhões de dólares em receita, hoje cerca de 40% dos anúncios online vão diretamente para o Google. Em 2005, a companhia fez a aquisição da Android, a compra mais importante da empresa, e consolidou o seu poder à medida que a Internet mudava de computadores desktop para smartphones.

Quando o Google entrou no mercado de ferramentas de escritório para competir com a Microsoft, ele não começou do zero. Em vez disso, comprou empresas iniciantes que já trabalhavam nesses produtos, como o Writerly (que se tornou o Google Docs) e a Tonic Systems (Google Slides).

Um ano depois, em 2006, o Google entrou no setor de vídeo online comprando o YouTube por US$ 1,6 bilhão, quantia recorde na época.  No final de 2012, o Google fez o maior gasto na aquisição de uma empresa, pagando US$ 12,5 bilhões à empresa de celulares Motorola, o que permitiu ao Google defender as empresas de telefonia que usavam o Android de ações judiciais lançadas por concorrentes como Apple e Microsoft.

Somando todas as aquisições registradas, o Google possui cerca de 268 empresas! Sendo 187 diferentes do ramo inicial da companhia. Uma das companhias mais diversificadas do mundo e a mais ramificada do Big4.

No primeiro trimestre de 2021, o Google arrecadou mais de US$ 55 bilhões, sendo boa parte dessa renda fruto do forte investimento em publicidade.