Sem patrocínio, com vaquinha e motoristas de app: a luta dos brasileiros para chegar na Olimpíada

Grande parte das confederações que compõem o COB possuem patrocinadores fixos, mas o capital não se estende a todos os atletas.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão ocupando todas as mídias e redes sociais com o sucesso que vem fazendo. Recentemente foram levantadas questões quanto aos meios que os atletas usaram para ir às competições.

O Brasil conta com 301 atletas, sendo que destes, 13% tiveram de realizar “vaquinhas” para arrecadar recursos para estar lá. Segundo um levantamento do G1, as profissões mais comuns da delegação (entre as pessoas que vivem do esporte) são motoristas de App, empresários e pessoas que atuam na área de educação física.
 
De acordo com o Governo Federal, cerca de 79,7% da delegação brasileira recebeu o Bolsa Atleta, que é composto por repasses mensais de R$ 5 mil (US$ 971,29) a R$ 15 mil (US$ 2.959). Mas o levantamento mostra que 19% vivem com menos de R$ 2 mil de auxílio, 7% vivem com menos da metade deste valor e 42% não possuem nenhum tipo de patrocínio.
 
Um exemplo é a surfista cearense Silvana Lima, que é uma das atletas que não possuem patrocínio. Mas se tratando de investimento próprio, Pepê Gonçalves, da canoagem, afirmou que desembolsou R$ 100 mil para equipamentos, gastos com viagens, competições, treinamentos, entre outras coisas, segundo o Uol.
 
Grande parte das confederações que compõem o Comitê Olímpico do Brasil (COB) possuem patrocinadores fixos, mas é evidente que o capital não se estende a todos os atletas.
 
O presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), José Luiz Vasconcelos diz que a situação referente ao custeio das confederações tem passado por dificuldades. “A gente já teve patrocínio fora do COB e foram encerrados. Banco do Brasil, Caixa Econômica… A gente hoje tenta, corre, oferece e todas as empresas analisam, mas não é tão simples para as empresas patrocinarem. Quais das 34 confederações têm patrocinadores?”, questiona ele, de acordo com o Poder 360.
 
Os patrocinadores se mostraram tímidos, se comparados com às Olimpíadas anteriores. Isso é reflexo da crise sanitária e da crise econômica que assola o mundo inteiro. Mas, ainda sim, o patrocínio de atletas tem uma grande relevância para a sociedade, considerando que parte deles representam várias camadas sociais.
 
“O apoio aos atletas faz parte da estratégia global da companhia, que enxerga no esporte a conexão e o compromisso com os seus princípios de contribuição à sociedade, cooperação e espírito de equipe, aprimoramento contínuo, adaptação, justiça e honestidade”, afirmou Fabio Ribeiro, diretor de marketing da Panasonic no Brasil, à IstoÉ. “É justamente no período dos Jogos que os atletas mais precisam de apoio”.