O candidato ultraliberal Javier Milei, favorito para vencer as eleições presidenciais da Argentina, não deve colocar obstáculos para a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) caso seja eleito, segundo funcionários do Itamaraty consultados pelo jornal “Valor Econômico”.
Milei defende uma agenda ultraliberal, com ampla abertura comercial. Por conta disso, apesar das críticas ao funcionamento do Mercosul e à escolha da União Europeia como parceiro, ele não deve colocar entraves para a finalização do acordo entre os dois blocos.
“Se a linha econômica for parecida com a do (ex-presidente) Jair Bolsonaro, provavelmente vá querer fechar acordos”, afirmou ao “Valor” uma fonte no Itamaraty. A postura na diplomacia brasileira, no entanto, ainda é de cautela em relação à Milei.
Governo Federal teme por Mercosul após vitória de Milei
O Governo Federal foi surpreendido no final de semana pelo resultado das eleições primárias na Argentina, que alçou o ultraliberal Javier Milei à condição de favorito para se tornar o novo presidente argentino. De acordo com informações da “CNN”, o governo Lula teme pelo futuro do Mercosul e responsabiliza o FMI (Fundo Monetário Internacional) pela popularidade de Milei.
Segundo a “CNN”, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, ainda acreditam que o jogo pode virar nas eleições presidenciais de outubro e torcem pelo chamam de “forças democráticas” contra Milei.
Quando questionado pela “CNN” se existe a intenção de construir pontes entre o Planalto e o vencedor das primárias do domingo (13), um auxiliar direto de Lula foi direto: “E ele por acaso quer pontes conosco?”.
Apresentando-se como “anarcocapitalista” e antissistema, Milei se declara admirador de Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL) e tem laços com partidos da ultradireita internacional, como o Vox da Espanha.
Argentina: mercados e peso são pressionados após vitória da ultradireita
A pressão sobre a moeda e o mercado da Argentina aumentou nas primeiras horas desta segunda-feira (14), após a vitória do candidato ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias.
Durante a campanha, Milei enfatizou que, caso eleito, irá impor a dolarização e dissolução do Banco Central. O resultado de Milei nas primárias surpreendeu ao superar em muito as previsões obtendo cerca de 30% dos votos, com 90% das urnas apuradas.
Em resposta ao resultado preliminar, o BC da Argentina decidiu desvalorizar o peso em 22% e, para compensar essa queda, elevou a taxa básica de juros em 21 p.p., para 118%.
Com isso, um dólar passa a valer 350 pesos. No mercado paralelo, o “blue” está cotado acima de 600 pesos.
Para vencer as eleições presidenciais da Argentina do dia 22 de outubro, um candidato precisa atingir 45% dos votos ou 40% e uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado. Caso não haja um vencedor no primeiro turno, uma votação entre os dois principais candidatos ocorrerá em novembro.