O corte na taxa básica de juros de 0,50 ponto percentual não foi a única surpresa do anúncio feito pelo Copom (Comitê de Política Monetária) no início da noite desta quarta-feira (2).
Para o especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, Ricardo Jorge, é importante destacar que foi uma decisão bem disputada, mas o que mais chamou a sua atenção foi o voto de desempate do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto.
“Tivemos um comunicado dovish e mais neutro. Foi uma decisão bem disputada. O comitê decidiu por cortar os juros em 0.50 com o placar em 5 a 4 e a grande surpresa foi o Roberto Campos Neto votando a favor de 0.50 e não a favor do 0.25, que era sim uma decisão mais esperada pelo menos por parte dele. O mercado esperava que de fato houvesse uma dissidência em relação a decisão no qual obviamente o Galípolo e o Ailton fossem pender mais para 0.50 e os demais pender mais para 0.25, mas não foi o que aconteceu. A gente viu que outros membros decidiram abraçar a ideia de um corte de juros maior mesmo nesse início de ciclo com uma inflação ainda resiliente”, avaliou Jorge.
Todos os membros do Copom votaram a favor da redução dos juros. Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso votaram pelo corte de 0,50 ponto percentual. Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes, pela redução em 0,25 ponto percentual.
Já o analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen, se surpreendeu com o tom otimista do comunicado do colegiado. “O tom foi muito positivo porque o texto diz que de acordo com as próximas divulgações de dados de inflação e atividade econômica como um todo, o Banco Central afirmou que vai continuar reduzindo a Selic para poder convergir com a inflação. E isso é muito bom”, destacou.
“Com isso a gente tem uma expectativa boa para as próximas quedas, já que não deixou isso em aberto. Se os dados vierem bons, a Selic vai continuar caindo. Então, gostei muito. Achei muito prudente a decisão. Foi uma votação disputada, o comitê ficou bem dividido, mas é positivo que o próprio presidente do BC votou a favor da queda de 50 p.p.”, acrescentou.
Haddad: “Sinaliza que estamos na direção certa”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) desta quarta-feira (2) que reduziu em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. É a primeira vez em dois anos que a autoridade monetária optou por cortar a taxa Selic.
“O corte de 0,50% na taxa básica de juros sinaliza que estamos na direção certa. Um avanço no sentido do crescimento econômico sustentável para todos”, escreveu Haddad em sua conta no Twitter.
Na última reunião, ocorrida em 21 de julho, o Copom optou por não mexer na taxa de juros, mas deu indicativos de um possível corte em agosto.
No documento que acompanha a decisão monetária, os dirigentes do Copom afirmaram que o corte de 0,50 ponto percentual da taxa de juros é coerente com a estratégia de convergência da inflação.