As ações da Sabesp (SBSP3) fecharam com forte alta nesta segunda-feira (31). Os papeis da companhia avançaram 2,49%, a R$ 58,10 tendo batido R$ 58,13 na máxima do dia, maior patamar intradiário desde 6 de dezembro de 2022.
O desempenho vem com a expectativa de investidores com o resultado de uma reunião do Conselho Diretor do Programa de Desestatização e Concessões do Estado de São Paulo.
O governo paulista divulgou nesta tarde que o governador Tarcísio de Freitas dará uma entrevista a jornalistas às 18h sobre o processo de desestatização da Sabesp, na sequência de reunião do conselho.
A Sabesp iniciou no primeiro semestre com a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, e o governo do Estado de São Paulo, seu controlador, discussões sobre a possível modelagem para uma eventual privatização da companhia.
Na ocasião, o presidente da Sabesp, André Salcedo, mencionou que o governo do Estado estava discutindo com prefeituras clientes da empresa para eventuais extensões de contratos, citando como eventuais contrapartidas soluções como redução de tarifas e antecipação ou ampliação de investimentos.
Com informações da Reuters.
Sabesp: especialista não vê justificativa para privatização
O professor do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), Pedro Luiz Côrtes, questionou a intenção do governo do estado de São Paulo de privatizar a Sabesp (SBSP3) . Em entrevista para a Agência Brasil o pesquisador disse que a administração estadual não apresentou razões que justifiquem uma eventual decisão pela desestatização da empresa.
O governo de São Paulo detém 50,3% do controle da Sabesp – que é gerida em regime de sociedade anônima de capital aberto. O restante das ações é negociado na B3 de São Paulo e na Bolsa de Nova York. A companhia obteve, em 2022, lucro de R$ 3,12 bilhões, resultado 35,4% superior aos R$ 2,3 milhões registrados no ano anterior.
O especialista ressaltou que a Sabesp é uma empresa bem administrada, com grande capacidade técnica, não dependente de recursos do governo do estado, e capaz de financiar suas obras com recursos próprios ou captando de instituições financeiras. “Cabe ao governo do estado explicar os motivos que o levam a pensar numa privatização”, disse Cortês, que também é professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia do Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em Portugal .
Ele destacou que a administração estadual defende que a desestatização da Sabesp irá melhorar a eficiência da empresa, mas ressalta que o governo não apresentou quais índices serviriam para medir a melhora da eficiência da Sabesp.
“Em momento algum foi explicado quais os reais benefícios que uma eventual privatização poderia gerar para a população, seja em relação às práticas tarifárias, seja em relação à melhoria da qualidade de saneamento para as populações que moram na periferia das grandes cidades, seja no aumento da taxa de tratamento do esgoto”, afirmou.
Na última semana, o governo paulista informou que planeja iniciar, em 2024, as audiências e consultas públicas para a privatização da Sabesp. A administração estadual não confirmou, no entanto, se o leilão de desestatização, ou a oferta de ações da empresa, irá ocorrer já no ano que vem.
“O que está previsto para ocorrer em 2024, após a conclusão dos estudos, é a realização de audiências e consultas públicas, além de encontro com investidores. Só depois dessa fase poderá ser discutida uma data para o leilão”, disse, em nota, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), na última semana.
Os estudos a que a secretaria fez referência são as análises de viabilidade técnica para a privatização da empresa que já começaram a ser feitas pela International Finance Corporation (IFC) – instituição ligada ao Banco Mundial – e que deverão durar 14 meses.
“Toma-se que a privatização como se fosse um dogma a ser seguido e, portanto, a privatização sempre é boa, sempre é benéfica, mas, na verdade, não se explica qual o benefício que isso poderia gerar para população. Então, eu não vejo nenhuma justificativa para apoiar, ou subsidiar, uma decisão desse tipo, ou a tendência de que uma decisão desse tipo venha a ser tomada”, reitera o professor da USP.