A quase certa queda na taxa básica de juros no Brasil não é garantia de que o dólar prossiga com sua tendência de queda no segundo semestre de 2023.
A aposta entre analistas e investidores brasileiros é de que o resultado da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no dia 2 de agosto, deva trazer a esperada redução na Selic, que hoje se encontra em 13,75% e está inalterada desde maio de 2022.
Especialistas ouvidos pelo BP Money alertam que a moeda americana pode não ser afetada por uma redução nos juros. “Se der uma redução de 0,25 pontos o dólar sobe. Se der 0,5 p.p a trajetória continua. O que vem sustentando esse dólar é uma expectativa de queda na Selic, de melhora na economia e mais entra de recursos”, iniciou o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani.
Já o CEO do Transfer Bank, Luiz Felipe Bazzo, avalia que no cenário de queda de juros é possível projetar uma queda do câmbio para 2023, já que o dólar “é um indicador importante porque tem grande influência na inflação”.
Porém, ele chama atenção para uma tendência que pode comprometer o desempenho da moeda brasileira. “É importante lembrar também que, sazonalmente, o segundo semestre não é tão positivo quanto o primeiro. Assim, nesta segunda metade do ano, acredito que o movimento do real deve ficar ainda mais ligado ao dólar global. No início do ano, até vimos o real ter um desempenho melhor, mas, no segundo semestre, temos a cabeça de que a moeda brasileira deve oscilar mais em linha com outras divisas”, afirmou.
Fuga de investidores
Felipe Spritzer, fundador e CEO da Portfel, empresa de consultoria de investimentos do Grupo Primo, traz um outro cenário para o dólar com a provável queda na taxa de juros. O analista acredita que mesmo uma redução pequena de no máximo 0,5 p.p, como está sendo projetada, pode afugentar investidores estrangeiros e fazer a moeda se valorizar
“Se a taxa cair você vai diminuir o incentivo das pessoas investirem no Brasil, no nosso tesouro. No ponto de vista do investidor americano ele vai pegar os dólares dele e trazer para o Brasil quando a taxa está alta. Assim os dólares entram no Brasil e isso faz com que o dólar caia porque aumentou a oferta de dólares”, disse Spritzer.
“Se a taxa de juros cai 0,25 p.p ou 0,5 p.p obviamente que não é um impacto tão grande assim, mas quando reduz há uma tendência do investidor americano ou europeu de olhar para a nova taxa e desistir de investir. Quando eles tiram os dólares do País, há uma falta da moeda e o preço sobe. Então, quando a taxa de juros cai, a tendência é que o dólar suba por conta dessa dinâmica de aplicações financeiras dos investidores no exterior”, explicou.
Na quinta-feira (27), a moeda americana reagiu fechando em alta de 0,65%, cotado a R$ 4,75., mantendo a oscilação da semana.