Política

BRICS: ida de Lula à África do Sul pode gerar frutos para o Brasil

Nesta semana, o presidente Lula viajou à África do Sul para participar da cúpula do BRICS

No início desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou à África do Sul para participar da cúpula do BRICS, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Dentre os assuntos debatidos, estavam a definição sobre os critérios para uma eventual ampliação do grupo e a criação de uma unidade de valor comum no comércio entre seus participantes.

Além disso, Lula, que esteve acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), aproveitou a reunião para apresentar aos líderes dos países membros do BRICS a nova edição do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que foi anunciado no início do mês pelo governo.

De acordo com James Onnig, professor de geopolítica do Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais da FACAMP, a ida de Lula à cúpula do BRICS pode favorecer o ambiente de negócios entre o Brasil e as demais nações globais, com muitos investidores estrangeiros alocando capital no País.

“Além das discussões a respeito de novos membros e da possibilidade de criação de uma moeda comum, houve a intenção de favorecer o ambiente de negócios, com o Brasil participando em escala mundial. Além de Lula, uma grande comitiva de empresários também foi convidada para participar dessa reunião”, afirmou.

“O Brasil sabe do seu potencial exportador. Com essa reunião, abriu-se a possibilidade do Brasil ser um país de uso de energia limpa, criando manufaturados a partir de energia totalmente limpa. Além disso, houve a divulgação do PAC, que abriu mercados para empresários estrangeiros”, acrescentou Onnig ao BP Money.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, explica que, além do aprofundamento das relações com os demais países do BRICS, Lula também viajou à África do Sul para se aproximar de outros países africanos. Na última terça-feira (22), o presidente chegou a afirmar que a África é o continente do futuro.

“Além da cúpula do BRICS, a intenção de Lula é seguir viagem para outros países do continente africano para ter proximidade com os países da região com relevância no continente, como no caso de Angola”, explicou Lima.

BRICS: Brasil irá se beneficiar com entrada de novos membros

Em uma declaração conjunta na manhã de quinta-feira (24), os líderes do BRICS anunciaram a entrada de seis novos países ao grupo. A partir de janeiro de 2024, Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos passarão a fazer parte do bloco. É a primeira expansão desde 2011, quando ocorreu a entrada da África do Sul.

Na visão de Onnig, a adesão de novos países ao grupo é muito positiva para o Brasil, que terá mais parceiros econômicos e, consequentemente, mais possibilidades de acordos comerciais.

“Do ponto de vista geral, a entrada de novos membros para os BRICS é uma ferramenta de desenvolvimento. Quanto mais parceiros melhor, pois haverá mais possibilidades de acordos comerciais. Não só o Brasil será beneficiado, mas todos os outros membros, principalmente a China, que busca ampliar seu poder mundial com acordos, institucionalizados pela nova rota da seda”, pontuou o professor da Facamp.

Além da maior possibilidade de acordos comerciais, Rica Mello, economista e especialista em gestão de negócios, explica que a entrada de novos países para o bloco aumenta a influência política do Brasil perante ao mundo.

“Além de significar uma maior facilidade de fazer comércio e fechar acordos comerciais, a entrada de novos países no BRICS, aumenta a influência política do Brasil para o resto do mundo. Com novos membros, o bloco pode começar a rivalizar com outros grupos econômicos, como o G-7, por exemplo”, disse.

“O BRICS tem muito dinheiro envolvido, um networking muito importante e uma influência grande, que acaba sendo potencializada com a entrada de novos países”, complementou Mello.