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123 Milhas: Justiça aceita pedido de recuperação judicial

A decisão inclui também as empresas 123 Viagens e Turismo LTDA, a Art Viagens e Turismo LTDA e a controladora da empresa, a Novum Intestimentos Participações SA

A Justiça de Minas Gerais aceitou, na tarde desta quinta-feira (31) o pedido de recuperação judicial da 123 Milhas. A solicitação foi feita na última terça (29), após reconhecer um montante de dividas no valor de R$ 2,3 bilhões.

A decisão inclui também as empresas 123 Viagens e Turismo LTDA, a Art Viagens e Turismo LTDA e a controladora da empresa, a Novum Intestimentos Participações SA.

Com a medida, a juíza Claudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte (MG), determinou a “suspensão, pelo prazo de 180 dias, contados da publicação da decisão, de todas as ações e execuções contra a sociedade devedora”. As empresas devem apresentar uma planilha de credores em formato editável em até 48 horas.

Entre os cerca de 730 mil credores da 123 Milhas, a esmagadora maioria é de consumidores que compraram passagens e pacotes e não usufruíram dos serviços. Essas pessoas, agora, são consideradas pela empresa como credores quirografários, sem qualquer privilégio na ordem de pagamento do procedimento falimentar.

Prejuízo de R$ 1,671 bi no 1º semestre de 2023

A 123 Milhas registrou perda bilionária no primeiro semestre de 2023. Nos primeiros seis meses deste ano, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 1,671 bilhão, ante R$ 13,134 milhões no mesmo período do ano passado.

Os dados constam do balanço da companhia, entregue junto com o pedido de recuperação judicial, protocolado na Justiça de Minais Gerais na terça-feira (29), que foi obtido pelo Broadcast / Estadão.

Na peça, a companhia informa ter tido receita líquida de R$ 148,494 milhões, crescimento de 30% em relação ao mesmo período de 2022. Porém, os custos da empresa também subiram mais de 15 vezes em um ano, para R$ 825,594 milhões.

Adicionalmente, a 123milhas teve perda, no primeiro semestre deste ano, de R$ 818,582 milhões por desvalorização de ativos, como por exemplo o item contas a receber de clientes. Combinados, os fatores levaram à perda registrada nos primeiros seis meses do ano.

A companhia afirma que os problemas do produto Promo, que teve as viagens programadas para o período entre setembro e dezembro suspensas há algumas semanas, impactaram o valor dos ativos. “Em nova análise e mensuração de tal ativo, os valores de recuperabilidade mostraram-se muito abaixo da expectativa anterior, os quais foram ajustados para que reflitam a nova realidade do negócio”, diz a companhia.

Segundo a 123milhas, até o fechamento do balanço, não foi possível mensurar com precisão os passivos contingentes (aqueles relativos a eventos futuros) relacionados ao pacote Promo.

O balanço aponta ainda que entre dezembro do ano passado e junho deste ano, o patrimônio líquido da 123milhas saiu de R$ 5,8 milhões negativos para R$ 1,676 bilhão negativo. A maior variação foi na conta de contratos a embarcar, referentes a passagens compradas pelos clientes e que ainda precisavam ser honradas.

O montante nessa linha que a empresa tinha de honrar em até um ano somava R$ 774,269 milhões em junho, alta de mais de seis vezes em um semestre. O volume a honrar mais de 12 meses à frente era de R$ 260,056 milhões, alta de mais de três vezes no mesmo período.