O setor imobiliário é considerado um dos mais tradicionais e importantes da economia moderna, e a atividade de compra e venda de propriedades imobiliárias acompanha o homem desde que existe a propriedade privada. Com o advento da internet, era de se esperar que o mercado imobiliário fosse impactado profundamente. Por suas características de envolver bens físicos de grande valor e impacto emocional, o mercado imobiliário sempre esteve um passo atrás em termos de tecnologia, mas a transformação digital tem se acentuado de forma mais evidente nos últimos anos, e, cada vez mais, o digital vem se tornando o padrão de uso para as diversas etapas do processo imobiliário, da busca à aquisição.
Nos anos 2000, os portais imobiliários surgiram, trazendo praticidade na busca por imóveis aos consumidores, antes acostumados a procurar ofertas nos classificados de jornais (quem tem mais de 30 anos deve lembrar como era um anúncio de poucos caracteres e sem imagens, que os compradores recortavam ou marcavam nas páginas dos classificados). O Zap Imóveis, por exemplo, maior portal do Brasil, nasceu em março de 2000, ainda sob o nome de Planeta Imóvel.
A partir de 2007, foi a vez dos smartphones alterarem de vez a maneira como consumimos conteúdos digitais, a partir do lançamento do iPhone, que representou a mudança de paradigma de acesso à internet e de conversação. Além de sites mobile-first, plataformas de comunicação como WhatsApp (lançado em 2009 e com alta adesão no Brasil nos anos posteriores) mudaram a maneira como os corretores se comunicam com seus clientes.
Perto de 2010, os primeiros CRMs voltados ao mercado imobiliário surgiram, com a missão de profissionalizar a gestão de contatos, para que os corretores trabalhassem melhor a jornada de busca e aquisição dos clientes – o que trouxe eficiência e assertividade para a relação do profissional imobiliário com seus prospects e clientes.
Um ponto que mudou de vez a maneira como enxergamos o ambiente digital no mercado imobiliário foi o surgimento de grandes incumbentes do setor no cenário nacional de startups. QuintoAndar (fundado em 2013), Loft (2018) e EmCasa (2018), são alguns players que chegaram e, munidos de inovações e (muito) dinheiro, transformaram a maneira como enxergamos a mídia digital em nosso mercado, além de, por exemplo, ajudar a sedimentar processos digitais como a assinatura eletrônica de contratos imobiliários. Ainda há muito chão para vencer burocracias nesse setor, mas os players digitais têm se empenhado muito nessa missão, que trará um ganho enorme de escala e corte de custos para aqueles que ultrapassarem outras barreiras de processos tradicionais do mercado imobiliário.
Não posso deixar de marcar, também, a pandemia de COVID-19 como um divisor de águas na digitalização do processo imobiliário. Tecnologias como os tours virtuais imersivos em 3D (que já existiam antes de 2020), se disseminaram rapidamente, como maneira de prover aos clientes uma visão do imóvel mesmo com as visitas presenciais limitadas. Em 2021/22 a febre do Metaverso chegou ao mercado imobiliário com representações digitais de áreas comuns e apartamentos em maquetes virtuais. Em 2022, a Yuny lançou o primeiro prédio residencial de São Paulo no metaverso, com simulação das áreas comuns, plantas e até das vistas de cada janela.
Por fim, 2023 marcará para sempre como o ano da explosão da AI no mundo. Como bem disse Satya Nadella, CEO da Microsoft, há poucos dias, o maremoto da transformação pela inteligência artificial está chegando. E o mercado imobiliário não poderia ficar de fora. Assistentes com AI, como a Mila, ajudarão os corretores, imobiliárias e incorporadores no primeiro atendimento ao cliente, de forma rápida, discreta e assertiva. Além disso, a AI ajudará os clientes que buscam por imóveis a encontrar mais facilmente opções altamente aderentes às suas necessidades. Como vemos, com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, o digital tem permeado cada vez mais a jornada do cliente imobiliário. Em um futuro não muito distante, poucos se lembrarão dos classificados de jornais, e a jornada imobiliária terá se tornado quase 100% digital. Alguns aspectos, como conhecer o local do projeto ou visitar um decorado para se apaixonar por sua casa dos sonhos, ainda devem persistir, mas certamente o mercado imobiliário terá a maioria de seus processos transformados e otimizados pelo universo digital.