Não é de hoje que eu tenho olhado com atenção para a Espanha para provar os novos projetos que têm saído de lá. Este movimento tampouco está restrito a um lugar específico. Do norte ao sul, o que vemos é uma tração monumental que vai ganhando força não só no próprio país mas no resto do mundo.
Em visita recente a Nova Iorque fiquei surpreso ao reconhecer diversos nomes que tenho seguido (secretamente, confesso) nas cartas de bares de vinho famosos. Lembro de um específico que quando vi comecei a rir. Pensei “é muito pretensão minha achar que eu só iria provar ele e me encantar.” Como acredito que vinho deve ser compartilhado, fico feliz que mais pessoas estejam provando.
No Brasil, algumas importadoras estão se posicionando muito bem com os seus respectivos portfólios da nova geração de vinhos espanhóis. Se você está se perguntando sobre a “nova geração” e o que isso quer dizer, responderei em uma frase. Vinhos com mais foco em frutas e menos madeira, uma preocupação constante por biodinamismo e preservação do solo e, em geral, muito menos extração (o que resulta em vinhos mais delicados).
Até pouco tempo, os vinhos que faziam barulho no nosso País incluíam nomes consagrados como Vega Sicília, Lopez de Heredía (produtor do icônico Tondonia), La Rioja Alta, Muga e afins. Estes vinhos possuem algumas coisas em comum. Dentre elas, são vinhos parrudos, com estrutura, longo potencial de envelhecimento e uso frequente de madeira. As importações recentes nos mostram que isto está mudando.
De importadoras como a Uva Vinhos, Wines 4 U, Cellar Vinhos, 011 Import, Oikos e produtores como Muchada Leclapart, Mengoba Bodega y Viñedos, Ca di Mat e Envínate respectivamente, vemos que o Brasil está de olho no que está acontecendo de novo por lá. Mas qual é a vantagem comparativa dos novos vinhos espanhóis?
Por não serem muito famosos nos Estados Unidos e entre o mercado Chinês, vemos que a maioria deles ainda pode ser adquirido por preços muito atraentes. Ao meu ver, isto não reflete a qualidade e sim uma falta de interesse mercadológico de produtores ainda pouco consolidados. Por exemplo, é possível que você nunca tenha ouvido falar de nenhum dos produtores mencionados acima – e isso não é vergonha alguma.
Como sempre repito aqui neste fórum, da qual tenho a honra de escrever semanalmente para os meus quatro leitores, com os preços de regiões como a Borgonha e Bordeaux subindo pelas paredes, o mercado necessitará uma exploração de novas regiões ainda pouco cultuadas.
A vantagem, tentando terminar este texto em nota positiva, é que ao descobrir produtores e regiões anteriormente desconhecidas, abre-se a possibilidade de provar o novo e – melosidades à parte – existem poucas coisas mais interessantes do que se apaixonar por um vinho pela primeira vez. Saúde!