Nesta semana o mercado assistiu a estreia do Grupo Pátria no setor do atacarejo, antecipado com exclusividade pelo BP Money, a partir da sua aquisição de 53% sobre o domínio do Atakadão Atakarejo, a sexta maior rede do país, neste segmento. Essa jogada une dois potentes negócios do mercado, potencializando as expectativas sobre a sociedade: enquanto de uma lado há um forte player que avança para se tornar o maior grupo supermercadista do país; do outro, encontra-se a sexta maior rede atacadista do Brasil, com horizontes de crescimento regional a curto prazo. Eis que ambas alinham seus interesses e tornam-se players parceiros em uma mesma jogada.
A rede atacadista baiana se destaca pelo seu crescimento exponencial de maneira orgânica, com 26 lojas em 6 cidades diferentes do estado e domínio de 38% sobre todo o mercado nacional. A companhia encerrou o ano passado com uma receita bruta de R$ 3,7 bilhões e apresentou um crescimento de 18,33% entre 2021 e 2023, superando a média nacional, fixada em 18,1%.
Mas, para além dos números promissores, a sociedade acontece em um momento favorável para a visibilidade de supermercados regionais. Isso porque as principais empresas do setor têm enfrentado um cenário nebuloso no mercado acionário. O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por exemplo, um dos grandes nomes do varejo alimentar, encontra-se à beira da inadimplência depois de anos de aquisições impulsionadas por dívidas. Também é possível listar o desempenho regressivo das ações do Carrefour e do Assaí na Bolsa, que caíram 57% e 36%, respectivamente nos últimos 12 meses.
Fundo private equity
A aquisição do Grupo Pátria sobre a rede atacadista baiana foi através do Fundo private equity, em uma estratégia da gestora de preferir supermercados regionais às grandes redes multinacionais como alvos de investimentos. Os analistas ouvidos pelo BP Money avaliam que este pode ser um movimento promissor no atual cenário econômico nacional, ao passo em que há uma dinâmica em benefício de ambos os lados. Eles explicam que o Fundo private equity é interessante por intermediar empresas com potencial de crescimento, ainda sem recurso, à investidores que têm recurso e querem uma rentabilidade maior do que o seu mercado de origem.
“O Brasil passa por uma crise econômica e toda crise traz oportunidade de crescimento. Entendendo isso, os Fundo private equity em que as pessoas investem no seu capital, de uma maneira segura, tende a crescer nesse cenário econômico”, avaliou Ederaldo Lima, coordenador dos cursos de administração e ciências contábeis da Unic Beira Rio.
O professor de administração e ciências contábeis da Uniderp, Willian Maachar, completa explicando que o mercado está “extremamente líquido” em busca de investimentos que proporcionem uma rentabilidade maior do que o mercado financeiro está oferecendo atualmente. Maachar, atrela o destaque do setor supermercadista por ser um segmento que consta com pagamentos recorrentes, tornando-se um atrativo para novos investidores. “Os investidores estão despertando interesse em empresas de menor porte, que tem receita recorrente, e possam apresentar um potencial de crescimento interessante e, consequentemente, uma boa rentabilidade”, explica.
Lima argumenta que outra característica deste fundo são os resultados a longo prazo. Ele explica que esta é uma forma de investimento alternativo que pode trazer bons retornos, mas por ser uma a modalidade de investimento que consiste na compra de participações de empresas que não possuem capital aberto, ou seja, não se lançaram na bolsa de valores, os resultados são graduais. O especialista completa ressaltando que os investidores que entram nessa jogada visam aumentar o seu valor ao longo do tempo e depois vendê-las ou usufruir de sua lucratividade. “Quem monta esse tipo de fundo, investindo em empresas do futuro, pode ter ganhos maiores no futuro, porque essas empresas vão crescer e vão distribuir mais dividendo”, ressaltou.