O desempenho das ações do setor varejista surpreenderam o mercado na sessão desta quinta-feira (16) do Ibovespa. Os papéis de gigantes do departamento avançaram de forma consistente ganhando destaque no pregão do dia.
O Magazine Luiza (MGLU3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 24,43%. Logo atrás, as ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3) registraram altas de 11,54%. Em crise e passando por recuperação judicial, a Americanas (AMER3) registrou valorização de 6,25%.
Parte da alta pode ser explicada pela nova sessão de alívio nos juros futuros, o que contribuiu, principalmente, para as ações da Casas Bahia. Segundo análise ao “Broadcast”, do “Estadão”, Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset, as ações cíclicas domésticas estão se beneficiando com a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano) não deve mais subir juros, oferecendo uma chance de um corte mais incisivo de juros no Brasil.
Já Magalu e Americanas contaram com a repercussão dos respectivos balanços financeiros do terceiro trimestre de 2023. A Magalu reportou um lucro líquido de R$ 331,2 milhões no terceiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 190,9 milhões do mesmo período de 2022. O resultado foi ofuscado devido ao erro contábil que afetaram o seu patrimônio líquido em cerca de R$ 830 milhões.
Já o balança de 2022 da Americanas foi divulgado nesta quinta, depois de quatro adiamentos e onze meses após a divulgação de um rombo de R$ 20 bilhões nas contas, que culminou em um pedido de recuperação judicial.
A Americanas reportou prejuízo de R$ 12,91 bilhões no ano passado e perdas de R$ 6,237 bilhões em 2021, segundo o resultado revisado. A dívida líquida da empresa estava em R$ 26,287 bilhões, salto de 85% na comparação anual.
Na visão do estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, a divulgação dos dados “acaba, entre aspas, sendo ‘positivo’”, pois o mercado consegue fazer conta. “Por mais que isso aqui tenha sido péssimo, muito ruim, eu vejo que o mercado, se quiser, pode olhar o copo meio cheio no sentido de que eu já sei o tamanho do buraco, já sei o tamanho do prejuízo e agora, daqui para a frente, qual é o tamanho do desafio”, afirmou.
Ibovespa fecha em alta, com meta fiscal no radar; dólar sobe
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, encerrou a quinta-feira (16) em alta de 1,20%, aos 124.639 pontos. Já o dólar comercial subiu 0,17%, cotado a R$ 4,87.
No cenário local, o Governo Federal desistiu de mudar a meta fiscal para o ano de 2024. Com isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), poderá tramitar no Congresso Nacional medidas que possam aumentar a arrecadação federal. A informação foi anunciada pelo relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias no Congresso, deputado Danilo Forte (União-CE).
No exterior, o mercado continuou atento aos novos dados econômicos divulgados nos EUA. Na última quarta-feira (15), o Departamento do Comércio norte-americano informou que as vendas no varejo do país caíram 0,1% no mês passado. Apesar da retração, o número ainda veio melhor do que o esperado pelos investidores, que projetavam uma queda de 0,3%.