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Taylor Swift: ações da T4F derretem após início de turnê desastroso

Mesmo em pregão otimista, os papéis da T4F registraram tombo de 5,70%, cotado a R$ 2,15

As ações ordinárias da Time for Fun ou T4F (SHOW3), empresa responsável pela organização dos shows de Taylor Swift no Brasil, iniciaram a primeira sessão da semana em forte ritmo de queda. Apesar do Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, apresenta performance otimista e sustentar os 125 mil pontos desde o início da manhã, por volta das 12h20 (horário de Brasília) desta segunda-feira (20), os papéis da T4F registraram perda de 5,70%, cotado a R$ 2,15. O tombo acontece no primeiro pregão que sucede o final de semana de estréia da turnê da cantora pop, no Rio de Janeiro e foi marcado por tragédia e uma maré de azar.

Neste final de semana, a capital carioca reuniu fãs de todos os estados para a estréia do tão esperado show da cantora norte-americana em solo Brasileiro, o “ The Eras Tour”. A última ocasião havia ocorrido em 2012, única vez que Taylor esteve no Brasil, quando fez um show fechado para convidados. Mas embora tenha acontecido o sucesso de público por parte dos fãs, que esgotaram os ingressos em 40 minutos de vendas, em junho, uma série de controvérsias sucederam os três primeiros dias da turnê.

Em meio à onda de calor que provocou sensação térmica de até 60°C na sexta-feira (17), Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu após passar mal durante o primeiro show da cantora. Ela foi socorrida, mas não resistiu. Mais de mil pessoas foram atendidas no Estádio Nilton Santos, onde acontecia a apresentação, relatando mal estar por conta da alta temperatura.

No dia seguinte, sábado (18), a cidade intensificou o estado de calor e registrou a temperatura recorde de 2023, com o termômetro batendo 42,5°C. Também houve queixas dos fãs sobre a gestão do evento. Dentro do estádio Nilton Santos, além da ausência de oferta de água gratuita, surgiram relatos de pessoas queimadas devido ao calor de estruturas metálicas expostas ao sol. O Procon-RJ iniciou uma investigação contra a Time 4 Fun, a empresa responsável pela turnê no Brasil. Caso sejam identificadas infrações, a produtora pode enfrentar uma multa de até R$ 13 milhões. 

Diante deste cenário, a produtora decidiu adiar o show que aconteceria no sábado para esta segunda (20). A T4F só decidiu cancelar o evento do sábado, apesar de ter ciência do calor intenso, após a abertura dos portões e com o estádio já lotado. Além das três apresentações no Rio, a cantora realiza outros três shows em São Paulo no próximo fim de semana.

T4F no prejuízo

A companhia enfrentou um período desfavorável durante a pandemia de covid-19, que registrou um impacto expressivo e prejuízo de R$ 8,8 milhões no terceiro trimestre de 2022. Para somar ao cenário desvantajosos, neste ano houve uma quebra de contrato o com uma de suas principais fontes de receita, o festival Lollapalooza. O contrato foi quebrado em função da descoberta de trabalhadores identificados em condições análogas à escravidão pela Time for Fun. 

A empresa enfrenta uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e busca uma indenização de R$ 1 milhão, devido a alegações de trabalho análogo à escravidão durante o festival Lollapalooza, realizado em São Paulo em abril deste ano. O MPT busca incluir a empresa na “lista suja” de condenados por submeter trabalhadores a condições desumanas.

Transtornos à parte, a expectativa sobre a passagem de Taylor no Brasil permitiu que a companhia pudesse esperar retornos positivos. Os relatórios da T4F, a partir do segundo trimestre de 2023, evidenciam a influência dos shows de Taylor Swift em seus resultados. Durante esse período, a empresa, encarregada da venda de ingressos da The Eras Tour, registrou um lucro líquido de R$ 16,3 milhões, marcando um aumento de 89% em comparação ao ano anterior.

Além do evento em si carregar o potencial de ser marcante, também havia uma expectativa de movimentar mais de R$ 400 milhões. No entanto, os episódios resultaram em notificações do Ministério Público do Rio de Janeiro, bem como do Governo Federal e investigação do Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) com ameaça de multa de até R$ 13 milhões.