Os investidores iniciaram o ano cautelosos em relação ao mercado global, devido às altas de juros provenientes das pressões inflacionárias, além da possibilidade de menor crescimento econômico. No Brasil, os ruídos relacionados à política e ao fiscal incrementaram volatilidade adicional a bolsa local.
Era relativamente comum escutar pessoas e até profissionais de investimentos indicando a compra do dólar e a venda de ações brasileiras no começo de 2023. O que é passível de contestação, uma vez que o recomendado é a compra de ativos dolarizados para o longo prazo, não da moeda dólar, além do cenário previsto naquele momento ser de maior estabilidade de preços e redução de juros pelo Banco Central brasileiro.
E como escrevi em um artigo em abril deste ano intitulado de “Toda crise tem prazo de validade: porque apostar na recuperação é a melhor estratégia’’, o mais sensato é acreditar na teoria da recuperação. Dessa forma, constituir uma carteira de investimentos diversificada, em consonância com o perfil de risco, é fundamental para enfrentar as flutuações do mercado e buscar o maior potencial de retorno da renda variável.
Desempenho da bolsa brasileira em 2023
O Ibovespa apresenta um ganho de 17,98% até o momento no ano. As medidas de inflação mais controladas no país, o ciclo de queda de juros promovido pelo Banco Central, que tende a favorecer a atividade econômica e os ativos de risco, e um cenário externo mais estável são peças fundamentais na expectativa mais otimista dos investidores.
Maiores altas do Ibov no ano:
YDUQ3 (+122,79%)
UGPA3 (+108,59%)
IRBR3 (+98,18%)
CYRE3 (+90,14%)
PETR4 (+80,50%)
EMBR3 (+70,23%)
BRFS3 (+69,93%)
BBAS3 (+66,34%)
PETR3 (+62,73%)
COGN3 (+58,96%)
Maiores baixas do Ibov no ano:
BHIA3 (-77,92%)
PCAR3 (-75,06%)
BEEF3 (-39,45%)
ALPA4 (-38,73%)
RECV3 (-33,94%)
ASAI3 (-33,27%)
SOMA3 (-29,72%)
PETZ3 (-29,22%)
RRRP3 (-28,18%)
BRKM5 (-27,65%)
A valorização do principal índice acionário brasileiro, além do fortalecimento do real perante o dólar, levam ao bom desempenho do índice em dólares no ano.
As performances foram calculadas até o fechamento do pregão do dia 13 de dezembro deste ano.
A perspectiva é positiva para o mercado acionário local, no entanto, é preciso que os dados de inflação continuem favorecendo o ritmo de cortes da Selic pela autoridade monetária e persista a melhora na economia global. As questões fiscais do Brasil também precisam ser bem dimensionadas, visto que podem afetar a confiança dos investidores. Nesse contexto, reformas importantes, como a tributária e administrativa, ganham destaque no âmbito político, pois podem favorecer o ambiente de negócios e a relação entre a arrecadação e os gastos do governo.