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IPOs devem voltar em 2024; veja principais candidatas ao capital aberto

Segundo estimativa do Bank of America, mercado de capitais pode movimentar até R$ 120 bilhões no Brasil em um período de 18 meses

Após uma seca de mais de dois anos em aberturas de capital na B3, a maior desde 1998, 2024 promete ser marcado por novas estreias de empresas na bolsa de valores brasileira, de acordo com analistas.

Com o fim do represamento dessas transações, as captações em bolsa podem alcançar até R$ 120 bilhões ao longo de 18 meses, com potencial para iniciar, de forma significativa, ainda no primeiro semestre. Essa estimativa engloba IPOs (Ofertas Públicas Iniciais de ações), follow-ons (ofertas de ações de empresas já listadas na bolsa e que já abriram o capital anteriormente) e negociações em bloco, conforme projeção do Bank of America.

“Estamos estimando um mercado de mais de R$ 100 bilhões e que pode chegar até a R$ 120 bilhões em captações, se vier a tempestade perfeita, com o corte de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano)”, diz o corresponsável pela área de banco de investimentos do Bank of America no Brasil, Hans Lin.

Apenas em três anos, as captações totais por meio de IPOs e follow-ons ultrapassaram a marca de R$ 100 bilhões no Brasil: em 2010, 2020 e 2021. O recorde foi atingido em 2010, alcançando R$ 149 bilhões, de acordo com dados da B3 levantados pela SulAmérica Vida, Previdência e Investimentos.

Nos últimos dois anos, várias previsões anteciparam o retorno das IPOs, mas incertezas persistentes atrasaram os planos das empresas, incluindo conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, riscos fiscais no Brasil e mudanças de governo. No entanto, o principal desestímulo, de acordo com os analistas, era a persistência de taxas de juros elevadas em todo o mundo, especialmente nos EUA.

Implementadas para conter a inflação que afetou as principais economias, as taxas desencorajaram o apetite por risco dos investidores e desestimularam as empresas a ingressarem nas bolsas de valores. 

IPOs em 2023

Os mais recentes IPOs no Brasil ocorreram no início de agosto de 2021, com a entrada da Raízen e da Oncoclínicas no mercado. Posteriormente, em dezembro, o Nubank realizou uma dupla listagem na B3 e na Bolsa de Valores de Nova York. No entanto, o banco optou por sair da bolsa brasileira em menos de um ano.

Durante um evento promovido pelo Estadão em outubro, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, declarou que mais de 50 empresas se prepararam nos últimos dois anos para ter suas ações listadas no mercado público. Embora algumas delas possam ter alterado seus planos ao longo desse período, optando por financiamento por outras vias, como emissão de dívidas ou venda de participações para outras empresas, novas candidatas ao IPO podem surgir para ocupar esse espaço.

Em 2023, as operações de follow-ons totalizaram R$ 31 bilhões, registrando uma significativa redução em comparação com os R$ 58 bilhões de 2022, período em que a privatização da Eletrobras foi um grande impulsionador, contribuindo com R$ 33,7 bilhões.

IPOs em 2024

Em 2024, uma dinâmica semelhante pode acontecer com a venda de ações da estatal de saneamento Sabesp, conforme planejado pelo governo do Estado de São Paulo, podendo contribuir com até R$ 20 bilhões para o saldo final.

Considerando exclusivamente IPOs, o banco Itaú adota um cenário-base mais conservador, estimando a entrada de aproximadamente cinco empresas no mercado ao longo do ano. A expectativa global é de 25 a 35 transações, incluindo follow-ons, com um volume total movimentado entre R$ 50 bilhões e R$ 70 bilhões.