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Dividendos de empresas da B3 caem 45% em 2023

Prazo para pagamento se alonga neste ano

Em 2023, houve uma significativa queda no volume de dividendos pagos aos acionistas das empresas listadas na B3, a bolsa brasileira, em comparação com o ano anterior. O montante diminuiu de R$ 225,8 bilhões para R$ 123,6 bilhões, marcando um declínio de 45%. Além disso, o tempo de espera pelo recebimento dos proventos também se prolongou, aumentando de 63 dias, no ano anterior, para 84 dias, em média. Esses dados foram compilados pela Meu Dividendo, uma plataforma de antecipação de proventos, considerando o período de pagamento entre 1º de janeiro e 31 de dezembro.

No entanto, houve um aumento de 11% no pagamento de juros sobre capital próprio (JCP), atingindo quase R$ 100 bilhões. Apesar disso, a distribuição total de proventos, incluindo dividendos, JCP e outros, apresentou uma queda de 30%, totalizando R$ 224,2 bilhões.

A redução nos pagamentos está relacionada, principalmente, à diminuição na distribuição de lucros por grandes empresas da bolsa, como Vale e Petrobras. No ano anterior, essas empresas foram responsáveis por quase metade do montante pago aos acionistas, mas em 2023, embora ainda representassem 41% do total, sua contribuição foi menor. O cenário de incerteza levou as empresas a adotarem uma postura mais cautelosa, preferindo manter capital em reserva em vez de distribuí-lo entre os investidores.

Os dividendos representam a parcela dos lucros das empresas distribuída aos acionistas, e essa remuneração é vista como uma fonte de renda mais estável, mesmo em períodos de queda das ações. Além disso, os dividendos são isentos de Imposto de Renda, tornando-se um foco crescente para investidores brasileiros.

Portanto, tanto a redução no valor distribuído quanto o período prolongado para recebimento representam notícias desfavoráveis para investidores desse perfil, seja para reinvestimento ou para outras finalidades, como consumo.

Histórico

No ano anterior, a Petrobras se posicionou como a segunda maior pagadora de dividendos globalmente, ficando atrás apenas da mineradora australiana BHP, revela um relatório da gestora Janus Henderson. Esse ano de 2022 foi marcado por um recorde nos pagamentos de proventos no mercado global. O aumento de 21% no preço do petróleo durante esse período impulsionou os lucros da estatal brasileira, viabilizando uma distribuição generosa de ganhos aos investidores.

De acordo com a Meu Dividendo, a Petrobras destinou cerca de R$ 124 bilhões aos acionistas em 2022. Em contrapartida, no ano atual, o montante distribuído reduziu-se significativamente para pouco mais de R$ 62 bilhões, apresentando um declínio de 50%.

O volume de dividendos repassados pela Petrobras em 2022 estabeleceu um recorde histórico para a empresa, sendo o governo o principal acionista, necessitando de capital em um ano eleitoral. Wendell enfatiza que manter uma política de pagamentos tão agressiva sem construir reservas de caixa é insustentável. Ele sugere que, teoricamente, a atual estratégia pode ser mais vantajosa, pois foca em investimentos com potencial para gerar retornos ainda mais expressivos no futuro.