Mercado

Setor de moda: analistas projetam recuperação em 2024 

Baixa necessidade de crédito e dívidas menores podem atrair investidores

Analistas apontam uma projeção positiva para o setor de moda em 2024. Apesar das principais varejistas do País terem ficado de fora da recuperação da Bolsa de Valores em 2023, as expectativas mudaram, sobretudo, por causa da esperada redução da Selic (taxa básica de juros).

Ao contrário da postura adotada com os gigantes de eletrodomésticos, as apostas é que as varejistas de moda aproveitem a retomada do setor, uma vez que  dependem menos de crédito e são menos endividadas. Este cenário faz o setor se destacar entre as  oportunidades de investimento. As informações são da Folha de S. Paulo.

José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, apresentou uma visão confiante para o setor, levando em conta também outros pontos que devem ajudar, como, a taxação das marcas asiáticas de vestuário. “O varejo de moda está numa posição melhor. O governo estuda taxar as encomendas de concorrentes asiáticas, e o consumidor dessas lojas não precisa de tanto financiamento. As empresas de vestuário também estão com uma estrutura de capital mais equalizada”, pontuou.

A C&A (CEAB3) liderou a recuperação e registrou alta de mais de 200% na Bolsa em 2023. No balanço do terceiro trimestre a empresa apresentou redução de 47,6% da dívida líquida se comparado ao mesmo período do ano anterior. 

“Esse bom desempenho específico da empresa a tornou uma companhia de destaque entre seus pares este ano. Apesar de também ter passado por alguns meses mais turbulentos e correções, a empresa se manteve em tendência de valorização e caminha para fechar em forte alta em 2023”, analisae Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos. 

Varejistas de alta renda também são cogitadas

Neste mesmo cenário, os comércios do setor voltados para clientes de classe alta estão visados pelos analistas. Um exemplo de nome é a Arezzo (ARZZ3), que foi recomendada para compra pela Warren Rena, Ativa Investimentos e EQI, mesmo acumulando queda de 15% no mercado de capitais em 2023.

Maria Fernanda Quelhas, analista de ações da Warren, vê o crescimento da Arezzo ligado, não apenas à venda de produtos para classes de renda mais alta, mas também ao contexto de juros altos, bons números de vendas e posição de caixa. “A Arezzo adotou uma estratégia de crescimento inorgânico, via aquisição de marcas, e está pouco alavancada, então tem espaço para aumentar ainda mais seu endividamento, se necessário, para fazer uma aquisição”, disse.

Juros menor será impulso das varejistas em 2024

A previsão de queda da Selic a 9,25% ao fim do próximo ano leva os analistas a acreditarem na recuperação do setor em geral este ano.

Contudo, ainda há riscos que as varejistas de moda devem enfrentar como, por exemplo, a concorrência das empresas estrangeiras, principalmente as marcas asiáticas, que têm expandido seu comércio no Brasil. Só a Shein detém 4,7% de participação no mercado brasileiro, segundo a Genial Investimentos.

Bruna Sene ainda acrescenta que este é um segmento que pode oferecer oportunidades a curto prazo e destaca sua perspectiva otimista para a recuperação do setor nos próximos meses. “As empresas mais ligadas à economia doméstica experimentaram uma recuperação robusta em novembro [de 2023], e ainda há espaço para a melhora continuar”, completa.