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Bradesco (BBDC4): Goldman Sachs reduz recomendação do banco

Indicação caiu para “venda” e previsão de ROE segue abaixo da média

O Bradesco (BBDC4) sofreu redução de “neutra” para “venda” na recomendação do Goldman Sachs. Mesmo com o aumento do preço-alvo dos papéis, que saíram de R$ 14,70 para R$ 16,00, os analistas consideram que fatores estruturais devem seguir afetando o ROE (Retorno Sobre Patrimônio) do banco. 

As formas de recuperação de lucratividade do banco também devem ser ameaçadas por competições ainda mais fortes em 2024. 

Por volta das 12h35 (horário de Braília), desta terça-feira (9), as ações Ordinárias do Bradesco (BBDC3) estavam caindo a -2,19% cotadas a R$ 14,77. Enquanto isso, as ações Preferenciais (BBDC4) estavam caindo a -2,09% cotadas a R$16,39.

Segundo o relatório da Goldman, o lucro do Bradesco deve subir 21% em 2024, após ter quedas de 21% em 2022 e 14% em 2023. Contudo, o ROE continuará abaixo da média histórica.  

“Embora a margem com mercado deva se beneficiar de juros mais baixos e as previsões para devedores duvidosos devam diminuir, a margem com clientes provavelmente será fraca (alta de 4% em 2024), dada a queda esperada nos empréstimos em 2023, e o custo do risco deverá permanecer elevado, uma vez que a qualidade dos ativos só deverá melhorar gradualmente”, segundo o documento.

Estimativas de ROE do Bradesco (BBDC4) 

Para 2024, a previsão para o ROE do banco é de 12,9% e para 2025 os analistas estimam 14,4%. Esse número está abaixo da média dos últimos 10 anos, de 18%, porém ainda é maior que o piso de 11,3% de 2023. 

A entrada de novos players digitais em regiões em que o Bradesco está mais exposto, como o Norte e Nordeste, que também são os territórios com menor renda, impactam as atividades do banco, de acordo com o relatório. “O Bradesco foi o mais atingido pelo último ciclo de crédito no Brasil, em parte devido a sua exposição estrutural a clientes de baixa renda e uma abordagem menos restritiva na originação de crédito”, disse.

Uma possível recuperação

O que poderia elevar a recomendação do Bradesco pela Goldman, segundo o banco, seria uma melhora mais rápida que o esperado na qualidade dos ativos e no custo de risco. Além disso, uma retomada na participação de mercado e o avanço com clientes de alta renda. Esses são pontos positivos fariam diferença no cenário rentável do banco, aponta a análise.

O relatório termina com considerando possibilidades de mudanças: “Por fim, a empresa poderá anunciar mudanças estratégicas após a nomeação do novo CEO, Marcelo Noronha, o que poderia levar a uma rentabilidade melhor do que a esperada, No entanto, notamos que a extensa redução de custos nos últimos cinco anos não aumentou necessariamente a rentabilidade”.

A Goldman se refere a redução de 40% nas agências e diminuição de 13% no quadro de funcionários do Bradesco (BBDC4), desde 2018. Apesar disso, as receitas cresceram apenas 4%, enquanto as despesas aumentaram 3%.