As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 estão novamente no centro das atenções, gerando expectativas e debates no mercado. De acordo com o Relatório Focus, as estimativas para a atividade econômica foram ajustadas para cima, passando de 1,52% para 1,59%. Analistas consultados pelo BP Money analisaram as perspectivas e ressaltaram que, embora haja consenso sobre a possibilidade de surpresas, tanto positivas quanto negativas, a revisão promovida pelo Banco Central (BC) foi recebida de maneira favorável.
Ricardo Jorge, especialista em mercado de capitais e sócio da Quantzed, destaca a incerteza do cenário. De acordo com ele, assim como em 2023, quando o PIB surpreendeu positivamente, 2024 pode apresentar surpresas, tanto para cima quanto para baixo. Ricardo observa que é prematuro fazer projeções tão no início do ano, considerando a imprevisibilidade do ambiente econômico global e local. “2024 tende a ser um ano cheio de incertezas, assim como, foi em 2023, então não podemos usar esse número em um grau de confiança muito relevante”, afirmou.
Para Pedro Sant’Anna, especialista em economia e COO da allu, o cenário inicial é de gastos do governo elevados, inflação persistente e juros altos, indicando que o PIB pode não surpreender. No entanto, ele destaca que uma queda firme nos juros poderia impulsionar o crescimento em investimentos, consumo e outros setores, potencialmente elevando o PIB ao longo do ano. Sant’Ann enfatiza que a revisão, ” deve ser vista com cautela considerando que ainda temos inflação persistente e, consequentemente, uma apreensão por parte do BC de baixar juros”, explicou
Ambiente econômico de 2024
Ambos os especialistas concordam que o ambiente econômico de 2024 está repleto de incertezas. Questões como o ambiente de negócios, evolução da pandemia, políticas econômicas e condições globais continuam a influenciar a trajetória do PIB brasileiro. Jorge alerta para fatores como taxa de juros, conflitos geopolíticos e eventos imprevisíveis, enquanto Sant’Anna destaca a importância da responsabilidade fiscal do governo e do ritmo de queda dos juros, além de fatores externos como o cenário econômico global. “Questões de taxa de juros, agravamento dos conflitos geopolíticos, não só com relação a Israel e ao Hamas, mas também nos EUA temos ano de eleição, processo de desinflação, são tantas questões que ainda precisam ser confirmadas que é bem difícil prever nesse momento”, afirmou Jorge.
“Existem fatores internos e externos. Por aqui, a grande preocupação é a responsabilidade fiscal do governo e ritmo de queda de juros, afetando o crescimento do país. Externamente, vemos um crescimento ainda fraco em economias desenvolvidas como EUA e Europa, apresentando juros altos e incertezas políticas que podem afetar o apetite de investimentos no curto prazo”, pontuou Sant’Anna ao analisar o ambiente global.
O mercado permanece atento às próximas atualizações e dados econômicos, enquanto os especialistas enfatizam a necessidade de monitorar de perto as condições financeiras, o comportamento da inflação e os eventos internos e externos que podem moldar o desempenho do PIB ao longo do ano. A incerteza prevalece, e os próximos meses serão cruciais para determinar a trajetória econômica do Brasil em 2024.