O futebol é muito mais do que um esporte; é uma paixão que mobiliza milhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, gerir um clube de futebol nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente quando se trata de aspectos financeiros. Nesse contexto, surge um modelo de negócio inovador chamado SAF (Sociedade Anônima do Futebol), que tem se destacado como uma solução eficaz para os desafios econômicos enfrentados por muitos times brasileiros.
A Sociedade Anônima do Futebol é um modelo de gestão adotado por alguns clubes de futebol, no qual a instituição se transforma em uma empresa, permitindo a entrada de investidores privados.
Anteriormente, os clubes eram organizações sem fins lucrativos, dependentes principalmente de receitas provenientes de sócios, contratos de patrocínio – com plataformas de palpite esportivo tendo se tornado algumas das principais parceiras de muitos clubes – e direitos de transmissão. Contudo, essa estrutura muitas vezes não era suficiente para suprir as demandas financeiras crescentes do futebol moderno.
O Atlético-MG é um exemplo peculiar de como a adoção do modelo SAF pode ser transformadora. O clube enfrentou dificuldades financeiras significativas ao longo dos anos, e, mesmo tendo investido em jogadores de qualidade graças ao investimento de empresários torcedores do clube como Rubens Menin, contraiu a maior dívida do futebol brasileiro.
No entanto, ao se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol através da Galo Holding, o Atlético-MG abriu as portas para investidores interessados em contribuir financeiramente para o desenvolvimento do clube.
Modelo visa maior captação de recursos e entrada de novos investimentos
Uma das principais vantagens do modelo SAF é a possibilidade de captação de recursos por meio da venda de ações. Investidores, sejam eles pessoas físicas ou empresas, têm a oportunidade de adquirir partes do clube, tornando-se acionistas e, assim, participando dos resultados financeiros da instituição.
Essa injeção de capital permite que os clubes realizem investimentos mais robustos em contratações, infraestrutura, categorias de base e outros setores essenciais para o desenvolvimento sustentável do futebol.
Além disso, a entrada de investidores no modelo SAF não se limita apenas à aquisição de ações. Muitas vezes, esses investidores também trazem consigo conhecimento e expertise na gestão empresarial, proporcionando uma visão profissional e estratégica para os clubes.
Esse aspecto é crucial para otimizar a gestão financeira, administrativa e esportiva, resultando em um ambiente mais profissionalizado e eficiente. Uma melhor saúde financeira também possibilita a criação de parcerias vantajosas para o clube, como contratos de patrocínio com empresas idôneas de apostas online ou gigantes da tecnologia como a Amazon.
No caso específico do Atlético-MG, a adoção do modelo SAF permitiu o pagamento de parte da dívida ativa do clube, que totaliza mais de R$2 bilhões. Com os investimentos iniciais realizados pelo grupo de empresários liderados por Menin que compõem a Galo Holding, o clube pôde abater cerca de R$300 milhões relativos a dívidas bancárias. Segundo o CEO da SAF atleticana, Bruno Muzzi, ainda restam R$400 milhões de dívidas bancárias para serem sanadas.
Além do impacto positivo no futebol profissional, o modelo SAF também beneficia as categorias de base e a infraestrutura do clube. Com mais recursos disponíveis, os clubes têm condições de investir na formação de jovens talentos, garantindo um fluxo contínuo de jogadores para a equipe principal.
Ademais, é possível modernizar estádios, centros de treinamento e demais instalações, proporcionando um ambiente ideal para o desenvolvimento técnico e físico dos atletas.
Planejamento estratégico é imperativo para sucesso das SAFs
Contudo, é importante destacar que a transição para o modelo SAF requer cuidados e um planejamento estratégico adequado. A preservação da identidade e valores do clube, bem como a garantia da participação ativa dos torcedores, são elementos essenciais para o sucesso desse processo.
A transparência na gestão e a comunicação efetiva com os acionistas são fundamentais para construir uma relação saudável entre o clube e seus investidores.
Em conclusão, a Sociedade Anônima do Futebol emerge como uma solução inovadora e eficaz para os desafios financeiros enfrentados pelos clubes de futebol. O exemplo do Atlético-MG evidencia como a adoção desse modelo pode transformar não apenas o desempenho esportivo, mas também a estrutura e a sustentabilidade econômica de um clube. Ao abrir as portas para investidores, os clubes abrem também novas possibilidades para o crescimento e a prosperidade no competitivo universo do futebol.