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Fitch vê 2024 incerto na América Latina e baixo investimento no Brasil 

A agência descarta a possibilidade de elevar o Brasil para um grau de investimento a curto prazo

A Fitch Ratings, agência de classificação de risco, projeta que o ano de 2024 será caracterizado por uma desaceleração no crescimento das economias latino-americanas. A região ainda enfrenta desafios como demanda reduzida e taxas de juros elevadas. Apesar disso, apresenta vantagens comparativas em meio a um cenário geopolítico complexo. A agência também descarta a possibilidade de elevar o Brasil para um grau de investimento a curto prazo.

“Quando pensamos no desempenho do crescimento da região, ele tem sido claramente afetado pela desaceleração esperada em algumas das maiores economias. Estou falando do México e do Brasil”, disse Shelly Shetty, diretora-gerente de títulos soberanos da Fitch Ratings.

Segundo as estimativas da Fitch, a América Latina experimentará uma desaceleração no crescimento econômico em 2024, atingindo 1,5%, em contraste com a expansão de 2,3% registrada em 2023.

“Eu diria que há alguns elementos positivos para a região: ela claramente não estava no epicentro de nenhum ponto crítico geopolítico global durante 2022 a 2023, tem matérias-primas que são muito úteis em uma transição verde […] e, finalmente, ‘nearshoring’”, disse Shetty.

A América Latina se depara com desafios externos, incluindo a desaceleração do crescimento na China e nos Estados Unidos, um ambiente financeiro global restrito e as consequências climáticas do fenômeno El Niño. Contudo, é possível identificar fatores potencialmente favoráveis à região em uma perspectiva de médio prazo.

El Niño deve derrubar PIB do Agronegócio em 2024

El Niño se tornou uma preocupação não apenas para os agentes do meio ambiente, mas para os setores da economia. Em comparação com 2023, o PIB do Agronegócio deve sofrer queda este ano puxado pela quebra na produção e plantio de commodities, como soja e milho, em decorrência do fenômeno climático, é o que estimam economistas do setor. 

No levantamento de grãos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sobre a safra 23/24, a expectativa é uma produção de 306,4 milhões de toneladas, números que representam uma redução de 13,5 milhões de toneladas em relação à safra 22/23. Por conta dos efeitos do El Ninõ, as empresas devem esperar uma mudança em todos os processos de comercialização de seus produtos. 

André Lins, Vice-Presidente de Agronegócio da Alper, explica que o El Niño pode alterar o regime de chuvas, o que resulta em secas ou enchentes em diferentes regiões do País. Culturas sensíveis à disponibilidade de água, como o milho, a soja e o café são os mais afetados. Segundo ele, as empresas podem esperar pela redução de exportação e dos estoques de armazenamento interno.