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Bancões devem ter bons resultados no 4T23, dizem analistas

Para analistas ouvidos pelo BP Money, a expectativa é de que os bancos anunciem resultados robustos no período.

O Santander (SANB11) será o primeiro dos bancões a apresentar o resultado do quarto trimestre de 2023. A divulgação acontece nesta quarta-feira (31), no primeiro dia da temporada de balanços dos últimos três meses do ano passado. Já na próxima semana saem Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3).

Para analistas ouvidos pelo BP Money, a expectativa é de que os chamados bancões, que atuam no País, anunciem resultados robustos no período.

“No 4T23, o cenário para o setor financeiro brasileiro é de otimismo moderado. A expectativa de cortes de juros nas economias desenvolvidas e a continuação da queda da Selic no Brasil, ainda que modesta, são fatores-chave. Essas condições tendem a beneficiar principalmente empresas com maior alavancagem financeira, mas a redução da Selic, por si só, pode não ser suficiente para estimular significativamente a demanda”, avalia o mestre em negócios internacionais, André Charone.

“Essa temporada de balanços será crucial para avaliar como as empresas estão navegando no ambiente econômico atual. Isso servirá como um indicador importante para investidores e analistas do setor financeiro”, prosseguiu Charone.

Para o economista e investidor Bruno Corano, a expectativa é de que os resultados do setor, no quarto trimestre, cresçam muito, fruto de uma mistura de aspectos. “Primeiro a Americanas, que tinha afetado o balanço de alguns bancos. Isso ficou para trás. A inflação está caindo, parece que há sinais de que o crédito está acelerando, e isso gera muita rentabilidade ou receita para os bancos”, pontuou.

Caso a caso

Primeiro dos grandes bancos a divulgar seus números, a expectativa para o Santander é de um resultado morno. “Enquanto o banco tem uma forte presença no mercado e uma base diversificada de operações, as expectativas para o 4T23 são moderadas, possivelmente devido a desafios operacionais e ao impacto das tendências econômicas globais”, disse André Charone.

Na próxima segunda-feira (5), será a vez do Itaú. Para o head de produtos da InvestSmart, Alexandre Carvalho, as perspectivas para o trimestre são positivas, já que a empresa tem apresentado ROE próximos aos 21% e no quarto trimestre não deve ser diferente.

“Os lucros devem crescer em linha com os últimos resultados, próximo aos 10%, impulsionado por um crescimento da carteira de crédito e receitas com tarifas vindos da retomada do mercado de capitais. Há boas perspectivas do mercado quanto aos dividendos divulgados.”, acredita.

Já o Bradesco apresenta resultados na quarta (7). É esperado um crescimento da carteira de crédito comparado aos últimos resultados, porém relacionados a fatores sazonais. “A empresa deve apresentar rentabilidade baixa quando comparada a valores históricos, espera-se uma melhora comparada ao ROE do 3T23 de 11,55%, porém ainda muito abaixo da rentabilidade de outros grandes bancos. Perspectivas de crescimento de lucros vem de um aumento de receita com tarifas e a queda na inadimplência”, prevê Carvalho.

O Banco do Brasil será o último dos bancões a fazer a divulgação dos resultados, que será no dia 8 de fevereiro. Na avaliação dos especialistas, o banco público deve apresentar números promissores. “Sua gestão de riscos e controle de inadimplência têm sido eficientes, o que pode refletir em um crescimento estável. Além disso, o banco tem uma base sólida de clientes e uma presença significativa no mercado, o que sustenta suas expectativas positivas para o trimestre”, disse Charone.

Projeções

O setor bancário deve ter em 2024 um ano menos turbulento. O desempenho operacional e financeiro dos bancos listados na B3 ao longo dos próximos meses dependerá de uma série de variáveis, segundo o vice-presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) André Vasconcellos.

“São fatores como o crescimento econômico do país, as políticas monetárias do Banco Central, a estabilidade política, as tendências do mercado financeiro global, entre outros”, analisou.

André Charone destaca que uma política monetária mais flexível, com a continuidade da tendência de queda da Selic, poderá favorecer o crescimento do setor. “Isso pode estimular a concessão de créditos e investimentos, beneficiando tanto os bancos quanto os consumidores”.

Além disso, ele aposta que a transformação digital continuará sendo um fator-chave para o avanço do setor. “Os bancos que se adaptarem eficientemente às novas tecnologias e às mudanças no comportamento do consumidor, especialmente em relação aos serviços bancários digitais, poderão ganhar uma vantagem competitiva significativa. A inovação e a digitalização não só melhoram a eficiência operacional, mas também expandem o alcance e a personalização dos serviços”, afirmou.