Como já era esperado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu cortar a taxa de juros praticadas no Brasil em 0,5 pontos percentuais, levando a Selic a 11,25% ao ano.
O anúncio desta quarta-feira (31) veio em linha com o consenso do mercado, que já previa a redução. “O comunicado veio muito otimista por ser muito parecido com o comunicado anterior. Na minha visão, está muito em linha com o movimento de desinflação existente hoje. O destaque é que aumentou a expectativa dos preços administrados para o próximo ano. Acredito que o mercado pode reagir amanhã de forma otimista com a previsibilidade do que foi divulgado”, projetou o economista e sócio da Matriz Capital, Vinicius Moura.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destacou um ponto importante no comunicado do BC. Para ele, os membros do Copom sinalizaram que já calculam o tamanho do atual ciclo de juros.
“Tem uma novidade ali de falar do tamanho do ciclo. Eles já devem estar começando a discutir a taxa terminal, que significa falar do tamanho do ciclo. Dizem que o ciclo vai depender obviamente das expectativas de longo prazo e da sensibilidade da inflação à taxa de juros que está sendo observada. Eles reforçam que os dados de atividade no Brasil mostram uma desaceleração que a gente já tinha visto no final do ano passado, e que obviamente esse nível Selic é contracionista, está desacelerando a atividade e tem contribuído para trazer a inflação para a meta”, avaliou Gala.
“Por outro lado, eles ressaltam que o Copom tem uma preocupação com a suavização do ciclo e do emprego, ou seja, não deixar a economia desacelerar demais. No geral, sem grandes novidades no comunicado. Vamos ver se na ata eles colocam mais alguma coisa”, acrescentou.
Renda fixa
A redução da taxa Selic tem influência direta nos investimentos de renda fixa, especialmente aqueles atrelados à taxa básica de juros, como os títulos públicos e fundos de investimento DI. Para investidores que já possuem títulos pré-fixados ou atrelados ao IPCA, a queda da Selic não altera o rendimento acordado no momento da compra. No entanto, novos investimentos em renda fixa poderão oferecer rentabilidades mais baixas, já que estas acompanham a tendência da taxa de juros.
Além disso, a redução na taxa Selic pode levar os investidores a buscar aplicações com maior retorno, potencialmente aumentando a demanda por ativos mais arriscados. O impacto da redução na taxa Selic sobre os investimentos em renda fixa depende de vários fatores, incluindo as condições econômicas vigentes, o sentimento dos investidores e o desempenho de outras classes de ativos.
“Mesmo com uma Selic menor, a renda fixa não perde seu valor, principalmente para aqueles investidores que buscam manter uma base sólida e menos sujeita às oscilações do mercado, servindo como um elemento estável em seus portfólios de investimentos. É sempre recomendável ter uma equipe para ajudar na montagem da carteira e traçar o perfil do investidor”, afirma o CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha.
Com as seguidas quedas na taxa Selic, o panorama dos investimentos em renda variável tem passado por significativas mudanças e despertado a atenção de economistas e investidores.
Com essa projeção em mente, é importante entender como essas mudanças podem afetar os investimentos, especialmente no que diz respeito aos retornos esperados ao longo do tempo. Com a previsão de menores ganhos nos investimentos de renda fixa, como Tesouro Direto e debêntures, os investidores podem voltar a sua atenção para alternativas que possam oferecer maior rentabilidade diante desse cenário econômico.
“Mesmo não sendo tão otimista com uma queda agressiva dos juros, a bolsa continua atrativa. Temos papéis com preços bastante descontados, visto que muitas empresas continuam saudáveis e registrando lucro. Temos um preço de commodities apreciado também, então as oportunidades na bolsa continuam e estão disponíveis para todos os investidores“, finaliza o especialista.