Economia

Desinflação pode permitir 2ª rodada de redução da Selic em 2025

A estima que o atual ciclo de cortes deve se prolongar até setembro de 2024, com a Selic atingindo 9,0%

A possibilidade de uma segunda fase de redução da taxa Selic em meados de 2025 ganha destaque com a continuidade do processo de desinflação no Brasil. Essa estimativa é reforçada pela perspectiva de uma postura mais flexível da diretoria do Banco Central em relação ao controle de preços a partir do próximo ano. No entanto, economistas alertam que a deterioração das contas públicas representa um risco no cenário. As informações pertencem à reportagem do Estadão.

Um levantamento das projeções divulgado pelo Broadcast na semana passada indicou que, das 53 instituições financeiras que preveem o término do atual ciclo de cortes da taxa básica de juros em 2024, pelo menos 51% projetam uma Selic menor ao final de 2025. Entre as 27 que adotam essa premissa, as projeções para a taxa variam de 8% a 10% ao término da atual rodada de reduções e de 7,50% a 9,75% no final do próximo ano.

“À medida que tivermos uma inflação mais estável, próxima de 3,5%, e com o risco fiscal relativamente controlado, haverá espaço para um ajuste residual da Selic em 2025”, afirmou a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória. 

A analista prevê que o ciclo atual de cortes seja concluído em dezembro, atingindo 8,5%, mas projeta que ao longo do próximo ano a taxa de juros se encaminhe em direção ao nível de equilíbrio, estimado em 8,0%.

A possibilidade de uma taxa básica ainda menor não é totalmente descartada, embora não seja o cenário principal do Inter. “Se o ajuste fiscal se consolidar, por mais que seja mais lento do que o governo se propõe, eventualmente, poderíamos até falar de uma Selic menor, de uns 7,5%”, afirma.

“Porém ainda teremos mais três anos de um governo que tem um projeto de ajuste fiscal, mas também uma linha de promover gastos e o desenvolvimento da economia por meio do Estado.” Nessa batalha, o espaço para uma Selic abaixo de 8,0% é limitado, frisa.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, estima que o atual ciclo de cortes deve se prolongar até setembro de 2024, com a Selic atingindo 9,0%. Uma nova fase no próximo ano poderia levar a taxa para 8,0%.